Sevilha, Espanha – Cidade 5 de 50

16 de janeiro de 2015 | Escrito por Filipe Teixeira | Desafio das 50 cidades

Pra manter a tradição – ou pra alimentar mais um dos meus TOCs -, no Natal 2013 repeti a dose e fui para a casa do Juan, em Granada. Fiz uma gambiarra de voos de uma maneira que eu passasse o maior número de horas lá, o que resultou em uma noite inteira no aeroporto de Madri com a bateria do mp3 por acabar e Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector, pra ler. Ou seja, tudo conspirava para que a noite fosse bem longa. (Eu ainda não tinha descoberto o maravilhoso mundo dos smartphones nessa época).

[highlight]Mas antes de falar da viagem em si, gostaria de dizer que o ser humano que teve a ideia de colocar musiquinha no avião da Iberia é um sádico. Na decolagem tocou “She”, do Elvis Costello, e na aterrissagem, “Strawberry Fields Forever”, dos Beatles. Ambas são potenciais trilhas para acidentes. Mas nada aconteceu de grave, a não ser dentro da minha cabeça.[/highlight]

Eu ainda iria para Málaga pela manhã, onde o Juan me buscaria. Era um sábado. Passamos o dia em Granada, e foi nessa oportunidade que visitei Alhambra. Só no dia seguinte é que fomos para Sevilha. Acordamos bem cedo, ainda meio escuro, o que considero uma violência para um domingo, e rumamos em direção à capital da Andaluzia. Duas horas e meia e algumas trilhas de filmes depois, chegamos ao nosso destino.

sevilha

Encontramos a Esperanza, uma amiga do Juan que havia morado em Lisboa, e tomamos café da manhã em um restaurante perto da casa dela. Como não poderia deixar de ser, era muita comida por muito pouco dinheiro. Não lembro os valores, mas saí de lá feliz com a relação custo-benefício. Comi a chamada tostada catalana, que é uma torrada com tomate “ralado” – claro que o tomate não fica ralado, mas passe o tomate pelo ralador e você vai chegar ao resultado esperado. Joguei azeite por cima e, por que não, umas fatias de jamón (o pai do bacon).

Apesar de ser o auge do inverno, um dia depois do solstício, 22 de dezembro, não fazia tanto frio. Na praça ao lado da Catedral, tomamos umas cañas (cervejas de 200 ml), porque já estava na hora de começar, e continuamos a caminhada. Não visitamos pontos turísticos, apenas caminhamos pelas ruas do lugar, o que já é grande coisa, dada a beleza da cidade.

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Já ouvi falar que Sevilha é a cidade com a maior taxa de bares por habitantes do mundo. Nunca confirmei essa dado, mas encontrei uma estatística que revela o impressionante número de um bar para cada 181 sevilhanos. Entramos em um que nos apeteceu e de cara ouvimos um senhor gritar “¡Maríaaaaa!”. Concluí que não era um bom momento para ficar lá e já estava dando meia-volta quando o Juan me explicou o que se passava. O bar estava lotado e as pessoas que entravam lá colocavam o nome na lista de espera. Quando uma mesa ficava vaga, o senhor gritava – ele GRITAVA – o nome próxima pessoa da lista. Como Juan Carlos é o nome mais comum da Espanha, decidimos por colocar o nome da Esperanza na lista, e não deixa de ser curioso ver alguém gritando “¡Esperanzaaaaaa!”.

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Saímos do bar entupidos de comida. Foram uns três ou quatro pratos fartos e muita cerveja. Então voltamos para a caminhada ao longo de uma das margens do rio Guadalquivir e em seguida nos dirigimos ao único ponto turístico que visitamos: a Plaza de España. O lugar foi construído em 1929 para receber a Exposição Ibero-americana de Sevilha e hoje abriga prédios do governo.

Ao fim da tarde, paramos em um café – porque na Espanha é assim, você come, essencialmente – e lá pelas oito da noite pegamos a estrada de volta para Granada.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.