A melhor notícia que um smartphone já me deu

4 de dezembro de 2014 | Escrito por Filipe Teixeira | Diário de viagem

Eu resisti muito até comprar um smartphone. Não por causa da tecnologia em si, mas porque eu não tenho o menor controle, sou muito disperso, e a tendência era que um smartphone cheio de aplicativos coloridos iria me atrapalhar mais do que me ajudar. Porém, depois da viagem do Carnaval, quando minha navegação analógica seguindo os mapas de papel que recebi nos hostels em que fiquei não foi páreo para o aplicativo de mapas do iPhone do Vini, percebi que uma viagem se torna muito mais tranquila com um smartphone e seus aplicativos coloridos. E quando eu digo tranquila eu realmente estou querendo dizer que foi por causa de um aplicativo colorido que eu saí de um estado de “Meu deus, e agora o que é que eu faço?” pra “Eu nunca mais vou ter tanta sorte assim na vida”.

Antes de contar a história e também pra que ela faça mais sentido, preciso falar do TripCase, que é um aplicativo gerenciador de viagens. Ao receber o e-mail de confirmação da reserva do voo ou da hospedagem, basta encaminhar para o endereço de e-mail do aplicativo que ele organiza automaticamente a rota da viagem e envia alertas quando ocorre alguma alteração. Dito isso, vamos aos fatos.

Era meu último dia de férias. Eu estava em Utrecht, na Holanda, e todo o dinheiro que eu tinha na vida eram €15. Não tinha mais um centavo de crédito em nenhum dos meus cartões. Tudo que eu tinha era uma nota de dez e outra de cinco. Mas eu não precisava de mais do que isso, a não ser que acontecesse algum imprevisto. É neste momento que Murphy aparece, porque o passaporte dele é recebido em qualquer posto de imigração.

smartphone

Tudo começou quando, na estação de trem Utrecht Centraal, ao tentar comprar o bilhete para o aeroporto, me deparo com uma máquina que só aceita moedas ou cartões. Cédulas são inúteis ali. Mas tudo bem, fui a uma loja de conveniência da estação, comprei um Kinder Ovo, pedi o troco em moedas e comprei a passagem de trem. Isso me deixou com €5.

O trem partiria da estação às 16h13 na plataforma 4. Às 16h13, quando o trem parou na plataforma 4, entrei nele. E logo que ele saiu, percebi que a estação Schiphol-Amsterdam (a do aeroporto) não aparecia no monitor que mostra a sequência das estações. Minha reação foi descer na estação seguinte. Lá, expliquei minha situação a um fiscal e ele, com uma naturalidade revoltante, me disse que a linha estava em manutenção e que eu deveria voltar para Utrecht Centraal, pegar outro trem para Hilversum e de lá pegar o trem para Schiphol. Argumentei que isso deveria ser avisado, e ele disse que foi avisado em todas as estações. Mas em HOLANDÊS! Aí complica.

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Quando calculei o tempo que gastaria fazendo essas conexões, concluí que chegaria ao aeroporto às 18h10. Meu voo seria às 17h50. Lembrem-se, eu tinha cinco euros, quantia que não compra quase nada na Holanda. Pra aumentar o drama, eu só tinha 23% de bateria no celular e uns cinco euros de saldo. Meu plano pra sair dessa situação tinha que ser perfeito. Mas antes que eu tivesse que traçar qualquer plano, o TripCase me enviou uma mensagem dizendo que o voo estava atrasado e que só iria partir às 21h19. Freddy Mercury começou a cantar “We Are the Champions” na minha cabeça e eu voltei alegre e satisfeito para Lisboa, mas já sabendo que naqueles poucos segundos eu havia gastado toda a sorte que eu poderia ter na vida.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.