Halloween na Colômbia

5 de novembro de 2015 | Escrito por Filipe Teixeira | Cultura, Viva Medellín

Na minha infância, o Dia das Bruxas era algo que só passava em filme americano. Interfonar e pedir doces para a vizinhança existia em dia de São Cosme e Damião e eu só pedia para quem tinha um pé no Rio de Janeiro. Por lá, a mistura religiosa é grande e isso se reflete, até hoje, nos costumes. Para os católicos, há a distribuição de doces pelo lado da promessa e, para o lado da Umbanda, como oferta ao orixá Ibeji, que é o protetor dos dois.

Graças ao pai da minha amiga Paola, o tio Mário – paulista de identidade, mas mais carioca do que o combo mate gelado e biscoito Globo – eu e minha irmã sempre recebíamos sacolinhas com doces na escola. A festa era exclusiva para o paladar. A farra das fantasias e disfarces não acontecia. Afinal, o Carnaval é levado a sério. Acho que é até por isso que não temos o costume da festa do Halloween no Brasil: lá, temos uma data para doces e outra para as fantasias. Do jeito que o povo colombiano é animado, em breve terão esses dias aqui e TODOS participarão.

Mas voltando ao Halloween na Colômbia, depois das endulzadas de setembro, percebi que o país estava se preparando para outra versão, só que infantil. Aliás, mais ou menos, né? No meu trabalho, rolou até competição de melhor fantasia.

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É normal, aqui em Medellín, encontrarmos várias casas com decoração de bruxas. Acho muito curioso porque a Colômbia é um país muito católico. Por ser um país da América do Sul, não imaginava que essa comemoração seria tão forte por aqui.

Quando morei em Buenos Aires, final de outubro de 2012, era aquela forçada de barra publicitária, mas poucas pessoas se rendiam a essa festa. No Brasil, é igual. Às vezes que me lembro de ter ido à festa, foi no cursinho de inglês durante a adolescência.

Engana-se quem pensa que aqui só tem festinha à fantasia e as crianças batem à porta pedindo doces ou travessuras. No lugar de “doces ou travessuras”, como é nos EUA, elas dizem: ¡Quiero paz, quiero amor, quiero dulces por favor!” (Quero paz, quero amor, quero doces, por favor!) Dá pra morrer de amor sim ou com certeza?

Aqui, há quem diga que isso vem da cultura mexicana do Dia dos Mortos. Afinal, a cultura popular mexicana foi de grande influência para a construção da cultura colombiana na primeira metade do século XX. A cultura de massas que conquistou o mundo e que veio dos EUA teve um desenvolvimento muito lento em terras latinas. Nos anos 30, a cultura mexicana assumiu uma liderança e começou a irradiar influência por toda América Latina. Em contrapartida, há pessoas que dizem que isso obviamente vem dos EUA e esse papo de México é para defender alguma latinidade. Há várias opiniões.

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Na verdade, isso pouco importa. A animação e a felicidade em vê-los aproveitar e planejar para que seja um dia divertido fizeram com que eu ficasse animada. Passamos o sábado todo fora, mas mesmo assim compramos algumas balas e pirulitos. Fiquei um pouco #chateada porque poucas crianças bateram à porta. Ano que vem vou ficar o dia todo em casa e quero que levem todos os doces. De qualquer forma, foi muito bom vê-las na rua com fantasias. Adorei! Tá difícil não gostar de algo por aqui.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.