Sobre aviões e nuvens

7 de setembro de 2015 | Escrito por Danielle Coimbra | Diário de viagem

A espera na sala de embarque nem de perto conseguiria dar significado ao que é, pra mim, estar dentro de um avião. Aqueles minutos, às vezes horas, de espera são chatos e impacientes, um sem fim de inquietude e ansiedade, pelo voo que nunca sabemos se vai atrasar ou não, se vai mudar de portão ou não. Mas, uma vez sentada na poltrona – sempre, sempre na janela – tudo se transforma no meu mundo particular, no meu mais confortável e profundo mundo de sonhos.

Aquela sensação de estar em outro lugar – quase que num piscar de olhos – invade essa alma viajante e me faz lembrar o porquê de tanto amor por estar sempre daqui pra ali, fazendo das cidades e países que visito um pouquinho a minha casa.

Eu observo as nuvens lá do alto e imagino o que tem por baixo delas, o quão pequena eu sou perto da imensidão desse mundo. Imagina quanta vida e quantas histórias abaixo de um voo entre Turquia e Índia, Brasil e Espanha, Irlanda e República Tcheca!

nuvens

E quando o voo não é pra muito longe, e a aeronave não fica tão acima das nuvens, tenho uma visão ainda mais nítida do que acontece lá embaixo. Morros, rios, estradas sem fim, algumas cidades. A imaginação corre solta sobre onde mais eu posso estar, o que mais eu posso conhecer pelo trajeto onde, naquele momento, vejo e sinto do alto.

Enquanto escrevo esse texto, sobrevoo o espaço que separa o Rio de Janeiro de Brasília, após uma viagem em que reencontrei amigos que conheci em razão das minhas andanças pelo mundo. “Caminhamos” por todo esse espaço que nos separa com um intuito genuíno de conhecermos mais a nós mesmos e, então, essas histórias de pessoas tão diferentes, mas tão iguais, se entrelaçam, convergem, ganham um formato novo e único. São um fragmento daquilo que observo quando estou voando acima das nuvens, daquilo que a todo momento se forma ao haver o encontro de várias vidas dispostas e, muitas vezes sem querer, conexas.

E é por esse intenso emaranhado de encontros e acontecimentos que escrevo este texto de hoje. Aos que fizeram cada jornada da minha vida valer a pena. Aos que somaram àqueles momentos de autoconhecimento, e aos que me fazem querer viver sempre nas nuvens, para que nossos encontros e reencontros sejam cada vez mais o combustível que nos move.

E à possibilidade de ter uma casa, com cheirinho de casa, para onde sempre possamos voltar.

Preparar para o pouso! 🙂

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Escrito por Danielle Coimbra

Tem um caso de amor com a procrastinação.