5 coisas que fiz pela primeira vez longe de casa

10 de agosto de 2015 | Escrito por Juliana Santiago | Diário de viagem

A primeira vez a gente nunca esquece. E menos ainda quando ela ocorre dez vezes – e longe de casa!

Neste post, cinco de dez que foram muito boas para mim (risos) e espero que sejam para vocês.

1. Aprender a cozinhar

Cozinhar muitas vezes é um aprendizado que tem como mestres a Necessidade ou a Responsabilidade sobre os ombros. Ou ambas. Mas digo a vocês: cozinhar foi – e é – um investimento valioso de tempo e de disposição e longo prazo de durabilidade.

primeira vez

Quando fui morar sozinha (outra primeira vez), a cozinha enorme da casa alugada primeiro me coagiu agressivamente até ela (pois, do contrário, ou morreria de fome, ou gastaria muito com comida), mas, depois, me seduziu. E seduziu de forma tão intensa, que passou de masmorra para uma espécie de ateliê artístico que sempre tinha encomenda e freguês – eu mesma. Porém, devo ressaltar que esse aprendizado só é tão recompensador para mim por dois motivos: 1º) partiu de uma decisão minha; 2º) não há ninguém me pressionando para que eu faça isso. Para homens e mulheres: cozinhar é um conhecimento libertador.

2. Subir uma montanha

primeira vez

Uma péssima decisão resultou em uma de minhas mais gratificantes realizações: subir o Monte Cablaque, com 2.370 metros de altura. Uma trilha árdua, cheia de abismos e nada turística. Recomenda-se experiência, resistência física, equipamentos de segurança e um guia, ou ser muito sem juízo, como foi o caso do meu grupo de 5 pessoas. Não há nenhuma facilitação nem garantia de segurança. Levamos cerca de 3 horas para subir e 3 para descer. O 2º monte mais alto em Timor-Leste conseguiu desmentir o ditado “na descida, todo santo ajuda”, pois ela chega a ser, sem exagero, desesperadora. Estou feliz  por estar viva  por poder escrever isso.

3. Me formar na universidade

Quando surgiu a oportunidade de trabalhar na Colômbia, faltavam apenas duas disciplinas para terminar a graduação em Letras. Entretanto, essas disciplinas não acabariam antes da data da viagem. Daí ocorreu-me o acordo: fazer trabalhos que equivalessem ao número de presenças que me faltariam e, finalmente, um trabalho maior, correspondente a uma avaliação final. Conversei com os professores dessas disciplinas e expus, tanto a oportunidade que me apareceu quanto as propostas de trabalho. Felizmente, eles foram favoráveis. O segundo passo foi apenas legalizar minha mãe como minha procuradora para, ao final do semestre, assinar minha ata de formatura. Viajei em maio. Em setembro, já na cidade de Barranquilla, vi a mensagem no celular enquanto ia para a balada: “Você acaba de se formar. Parabéns”. Estive, desafiando as leis da Física, em dois lugares ao mesmo tempo.

4. Tomar café de cocô de animal

Não conhecia e talvez nem conheceria se não tivesse visto e tomado o Kopi Luwak, que, além de um delicioso café, é um dos atrativos imperdíveis de Bali, na Indonésia. Você entra em um local que mais parece um templo e é guiado por um jardim no qual o café é plantado e o exótico animal luwak é criado. Então, você conhece o processo, a colheita, e tem a informação valiosa: o tal luwak come o grão de café, processa-o em seu estômago e defeca-o inteiro. Esse grão, envolto em fezes, é secado ao sol, e daí se faz um dos cafés mais deliciosos que já tomei! Altamente forte e diferenciado.

Kopi Luwak

A experiência da degustação do “Kopi Luwak” é a última do passeio. Antes, degustamos chás e cafés diversos, organizados em uma bandeja, mas o café do cocô, sem dúvida, é uma primeira vez inesquecível.

5. Defender a dissertação de mestrado

Experiência no mínimo emocionante essa. Estava eu em Timor- Leste, em dezembro de 2014, quando a mensagem da minha orientadora me salta tela acima. Dizia: “Juliana, amanhã é seu prazo final de defesa da dissertação. Eu também acabo de saber, por isso não avisei antes. Prepare-se”. Felizmente, a dissertação já havia passado pela revisão final e a apresentação já estava pronta, por conta das vezes em que havíamos marcado a defesa via vídeo conferência: todas sem êxito. Tive um dia para ensaiar, relembrar, reler e ficar nervosa. Na noite seguinte, às 18h, lá estava eu à frente do computador.

Hangout aberto. Estômago revirado diante da banca digital. Do auditório da universidade no Brasil, colegas passavam os slides enquanto a banca me assistia falar. Da Europa, minha orientadora introduziu a apresentação descontraidamente, falando do “trabalho que eu estava dando”. Da Ásia, eu fui nervo e conexão instável durante quase duas horas, até que, dessa defesa intercontinental, saiu a aprovação. Digitada, pois a conexão havia caído mesmo nessa hora – para terminar de moer minhas entranhas (!). Já mestre, recebi a ata por e-mail e desliguei todo aquele tenso cenário com segurança, sem mais nenhum alerta saltando-me tela acima. Nem da orientadora, nem do antivírus.

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Escrito por Juliana Santiago

Nunca comprou melhorias no Candy Crush.