Visto Mercosul – Meu processo na Colômbia

28 de julho de 2015 | Escrito por Filipe Teixeira | Precisa saber, Viva Medellín

Tinha certeza de que queria ficar aqui. Poderia ficar tranquilamente com o visto de turista por três meses, mas, como a intenção é ficar pra morar, quis legalizar minha vontade de permanecer. Li, ainda no Brasil, que tinha o tal do visto Mercosul. Apesar de a Colômbia não integrar o bloco, ela abraçou os países vizinhos e quis chamar todo mundo para morar aqui, experimentar arepas e limonadas de coco.

Em Brasília, liguei diversas vezes para a embaixada da Colômbia. Não entendia que era tão fácil tirar o visto. Sendo sincera, ligava para ser atendida por outra pessoa e confirmar tal facilidade: não precisava de exigência de vínculo de estudo ou trabalho. Era só chegar de mala e cuia e, assim, fazer os trâmites no país.

Minha desconfiança me fez ir pessoalmente à embaixada da Colômbia em Brasília. Estava arrumando as coisas e, nesse intervalo, por que não aparecer por lá? Estacionei o carro e o guarda veio falar comigo. Expliquei toda a situação e ele disse que eu poderia entrar só com atendimento marcado, mas ao perceber que eu era uma mocinha ansiosa, me forneceu o e-mail da Cônsul, como quem diz: “Fique tranquis, minha filha!”

Ela não me respondeu. Liguei para a embaixada de novo, e a moça-cujo-nome-me-esqueci de lá já estava quase me chamando para uma cerveja para papearmos sobre viagens e vistos. Sério, liguei tanto que, com mais uns dois telefonemas, seríamos best friends forever. Confiei na nova quase amiga e fui.

Quando morei na Argentina, foi tudo complicado. Eram filas gigantescas, burocracia extrema. Por aqui, não. A maioria dos procedimentos é pela internet.

A agonia está grande e não quer passar por isso? Pegue seus óculos de grau, beba um gole de água com açúcar e vem comigo! Vou colocar todos os passos que fiz (até os erros) para que fique mais fácil:

  1. Imprimi a Declaração de antecedentes penais. Pode ser retirada aqui
  2. Legalizei a Declaração de antecedentes criminais. O valor da legalização foi de COP 14.500. Como moro em Medellín (e não em Bogotá, onde fica o Consulado do Brasil), entreguei a Declaração ao cônsul honorário e paguei a taxa de envio, que custou COP 24.000.
  3. Junto à Declaração, anexei as cópias dos documentos (RG, CPF, Título de eleitor – caso não tenha, é só pegar o certificado de quitação eleitoral pelo site do TSE. Para os homens, é necessário também o Certificado de Dispensa de Incorporação).
  4. Em poucos dias, peguei a Declaração de antecedentes penais legalizada pelo Consulado do Brasil com o cônsul honorário.
  5. No dia seguinte, escaneei os documentos para enviar ao Consulado Colombiano (COP 1.200). Com todo o material devidamente escaneado, enviei, pela internet, os documentos para a cancillería.
  6. PEEEEEN! Documentos não foram aceitos. Será que foi a minha 3×4? Sai muito mal mesmo. O que será que foi, meu Deeeeus?
  7. Escaneei novamente. Achei que tinha sido mal escaneado, não custava nada ir a outra loja. Aliás, custava sim. Pouco, mas era mais uma graninha: COP 2.900.
  8. Enviei novamente para a cancillería pela internet.
  9. Documentos não foram aceitos. O drama da 3×4 ficou mais latente: só podia ser isso. Que pessoa tira foto 3×4 de blusa com estampa de onça e batom vermelho? Eles rejeitaram, só pode. Meu cabelo também estava . Eles têm razão, pensei. Se eu trabalhasse lá, também rejeitaria sem dó nem piedade. Visto Mercosul
  10. Denner, um conhecido que também é brasileiro, me ajudou bastante nesse processo. Disse que deveríamos enviar a Declaração de antecedentes criminais para tradução e nos deu o e-mail para pedirmos orçamento de uma tradutora juramentada em Bogotá. Escaneei o documento, paguei a ela no Bancolombia e em poucas horas ela enviou a tradução por e-mail. Além disso, enviou também uma cópia impressa por correrio. Tudo muito fácil. A tradução custou COP 36.000 e paguei mais COP 8.000 do envio para Medellín.
  11. Agora sim: enviei os documentos TRADUZIDOS via internet para a cancillería.
  12. Paguei COP 20.000 pela legalização. Temos um amigo que tem conta no Bancolombia, ele realizou o pagamento pela internet. Porém, é possível imprimir o boleto e pagar no caixa. Mas, lembre-se, o boleto deve ser pago no mesmo dia em que é gerado. No outro dia, ele já perde a validade e você tem que imprimir outro.
  13. Eba! Os documentos foram aceitos!
  14. Solicitei o visto on-line no site da cancillería
  15. No mesmo dia, recebi um e-mail solicitando que enviasse novamente os documentos, pois as digitalizações do passaporte deveriam estar em PDF e não em JPG.
  16. Escaneei novamente. Com tantas indas e vindas, fiz amizade na loja de xerox. Me chamam por lá de brasileira e tentam falar comigo em português. ♥
  17. Enviei no formato solicitado, paguei US$ 50,00 (mais ou menos COP 124.000) pela avaliação do visto e no dia seguinte recebi a aprovação.
  18. Paguei US$ 205,00 (aproximadamente COP 508.400) pela confecção do visto.

Eu e Filipe fomos a Bogotá para colar o visto no passaporte e passear um pouco. Entramos no Ministério das Relações Exteriores de mala porque chegamos às 9h e tínhamos até meio-dia para fazer isso. Como era sexta-feira, só tínhamos esse dia útil. Foi muito rápido, não ficamos lá nem 15 minutos.

Com o visto colado e já em Medellín, fomos à Migración Colombia para que gerassem a Cédula de Extranjería. Esse documento deve ser solicitado em até 15 dias corridos após a aprovação do visto. Como gosto de emoção, solicitei o meu faltando apenas dois dias. Meu jeitinho. O valor foi de COP 162.000. Em menos de 10 dias, voltarei lá e terei tudo pronto. No final, gastei aproximadamente COP 1.636.800.

Simples, né? Sabendo dessas dicas, você nunca receberá o temido e-mail de que os documentos foram “rechazados“. Esse trâmite parece longo e difícil, mas garanto que não é. Vale a pena ficar quite o quanto antes.

Atenção:

1) COP = Pesos Colombianos

2) Dá para fazer esse trâmite no Brasil também. A diferença é que, em terras brasileiras, o preço do visto é mais caro. Achei mais viável fazer aqui na Colômbia.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.