Bali feita de bambu

15 de maio de 2015 | Escrito por Rafael Feltrin | Diário de viagem

Papeando com a Ju Santiago esses dias, me dei conta de que a nossa resenha já havia nos levado de volta para Bali, onde, comentando sobre algumas vivências pelas bandas da ilha, o assunto me refrescou a memória de uma das minhas hospedagens mais “exóticas” por lá.

Naquela terça-feira à noite, estava eu em Cingapura (te amo, sweet home) procurando por alguma hospedagem em Bali – já que meu voo seria logo na sexta – e eu buscava loucamente algum hostel que fosse mais “alternativo” do que convencional, não levando em conta o luxo, nem sequer as janelas do quarto (arrependimento mode on com as janelas, pois meu companheiro de quarto foi um querido morcego que mais parecia um dinossauro) em que eu ficaria.

Bingo. a proposta não poderia ter sido melhor, quando encontrei um eco-hostel na região de Canggu, literalmente do lado da praia.

Bali

Sob uma proposta 100% ecológica e sustentável, o local oferecia a característica totalmente “zen” de Bali, longe dos fervos de Kuta, que mais parece uma salada de turistas em qualquer época do ano, dissipando um pouco a intenção de quem vai à ilha para conhecer sua verdadeira essência.

E a “Vila serena”, como era traduzido o nome do hostel, me sensibilizou um bocado com seus detalhes e cuidados: plaquinhas informativas e instruções espalhadas por todo o lugar; a regra por lá é a reutilização dos resíduos orgânicos como adubo para os jardins e plantações do local, onde os alimentos também são de origem orgânica; a água potável é obtida através do processo de osmose reversa; as lâmpadas, claro, de baixo consumo de energia, além das diversas lamparinas espalhadas pelo hotel; e a ideia genial de utilizar bambu para constituir sua infraestrutura.

Bali

Dispensavam totalmente o uso de agrotóxicos, inseticidas ou qualquer produto químico lá dentro e, se alguém os utilizasse, pagava uma multa constrangedora na diária.

Para completar a proposta zen que a hospedagem oferecia, toda a consciência sustentável também estava atribuída a um tema de Yoga, em que praticamente toda a decoração do hostel trazia um propósito de autoconhecimento e meditação, com estatuetas de deuses, yin-yangs e uma simbologia onipresente.

Para quem já havia vivenciado a experiência de um hotel/spa 5 estrelas em Bali duas semanas antes, arrisco dizer que usufruí mais do eco-hostel do que da primeira vez, quando me senti apenas um gringo xarope, no sentido pejorativo da palavra. É como eu costumo dizer: o Sudeste Asiático deixa a gente milionário, pois não é todo dia que podemos comprar três ou quatro diárias com serviço de quarto, roteiros turísticos, café da manhã e lanche inclusos, por uma média de 9 dólares.

Porém, duas diárias que passei ingerindo alimentos orgânicos, tomando suco num canudo feito de bambu e respirando um oxigênio mais puro já fizeram com que eu absorvesse tudo aquilo e estivesse em uma sintonia perfeita com esse lado mais “simple life” da ilha.

Bali

Frescuras ocidentais, eis a questão

Num local 100% ecológico e determinado à preservação de todos os recursos naturais possíveis, nem tudo foi tão sereno e florido assim, como tomar banho num box minúsculo em que eu mal conseguia me mexer e com uma tentativa de chuveiro que era um cano tipo pvc de água fria, além de um ninho de morcegos no teto; este, que era de bambu, barro e palha, como uma oca indígena. Aí que eu percebi o quanto estavam levando ao pé da letra o lance da preservação.

Como nem Batman nem o Drácula moram no sudeste da Ásia (a não ser que tivessem se tornado nômades digitais), tentei desencanar da novidade e fechei a porta (que porta?) do banheiro, tentando evitar a emoção de ter morcegos voando sobre mim durante a noite. Mas, inevitavelmente, a adrenalina que faltava na temática zen do hotel, foi compensada na diária daquele quarto, que não tinha janela nem receio de morcego: prestes a dormir, eu conversava com alguns amigos pelo Facebook, quando um deles começou a voar pelo teto, sem o menor pudor. Naquele ponto, só me restava uma boa dose de pensamento positivo, orações e manter a cabeça coberta com uma camiseta “Keep calm and enjoy Bali”, mas, depois de alguns rasantes, preferi acender a luz e esperar o bicho ir visitar outro hóspede. Quase duas horas depois, ele resolveu ir embora. E meu sono também. (Sorte a minha: avisaram para o morcego que eu iria levantar às 5:30 da manhã para conhecer mais alguns templos.)

Bali

Mas a experiência nessa hospedagem ímpar foi sensacional, com todas as letras, tanto na lição de “sustentabiliBali” e preservação, quanto nos queridos anfitriões que voavam pelo teto. E quando estiver por lá novamente, farei questão de trazê-los numa “selfie”, afinal, o nome disso foi Bali, no seu estado mais puro e natural.

[box type=”info” align=”aligncenter” ]Contato/endereço atualizado:

Endereço: Jl. Nelayan, Banjar Canggu, Badung

Telefones: +623618469257, +6282897102502

http://www.serenityecoguesthouse.com/

Email: info@serenityecoguesthouse.com[/box]

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Escrito por Rafael Feltrin

Tenta ser legal, mas roubava Tazos na 5ª série.