Berlim – Série Mochilão na Europa
Após oito horas de trem, a partir de Paris, chegamos a Berlim recuperados do último dia na França. As viagens noturnas de trem são revigorantes! As cabines são confortáveis, com cama, cobertor, travesseiro, ar condicionado e trava nas portas. Os vagões também possuem uma lanchonete, com comidinhas e bebidas, e banheiros com chuveiro, para quem estiver a fim de um banho.
Onde modernidade e história se encontram
Pelo site oficial do governo, que contém os trajetos e valores do transporte público, é possível fazer todo o planejamento para andar de metrô, trem ou tram em Berlim. Aliás, a cidade é uma das que conta com o sistema mais eficaz e moderno de transporte público, competindo com Paris.
Nosso primeiro destino foi a Alexanderplatz, uma praça localizada no centro da cidade. Talvez por ser domingo, havia uma feira no local, com comidas típicas, roupas e acessórios da cultura local.
Ainda na Alexanderplatz, visitamos a Torre de Televisão (Berliner Fernsehturm), um monumento bem moderno e que oferece uma bela visão de toda a cidade! Para subir na torre, é necessário comprar um ticket e esperar a sua vez. Enquanto não chegava nossa hora, fomos tomar um sorvete e aproveitamos para conhecer outros monumentos próximos à torre. Passamos por uma praça com uma escultura do Neptunbrunnen e avistamos a Berliner Dom. De lá, partimos para o DDR Museum, um museu que contém várias coisas legais da Berlim Ocidental: fotos, móveis, carros, tudo nos remete àquele tempo. Você se sente dentro da casa deles, da vida deles!
Uma energia diferente
No segundo dia, pegamos o metrô com destino à East Side Gallery, uma galeria de arte estampada numa parte não demolida do Muro de Berlim. Os “quadros” ali pintados, ao ar livre, dão uma leveza toda especial a um monumento que um dia representou tanta repressão, tristeza e conflitos.
De lá, fomos ao Memorial do Muro de Berlim, uma área que conta em imagens a história do Muro, e é também o local onde fica o Checkpoint Charlie, posto militar que dividia os lados Ocidental e Oriental de Berlim. E entre uma caminhada e outra, olhando para o chão, encontramos vários pontos que fazem referência ao que um dia foi o Muro.
Apesar de não querer desmerecer o restante dos países e cidades que conhecemos, pois cada um teve seus momentos de conflito e tempos difíceis, estar em Berlim e passar por cada um desses locais onde tanta tragédia ocorreu me deu um nó na garganta, uma sensação estranha de como seria ter vivido naquele tempo. Berlim, sem dúvida, transborda história e uma energia que nunca senti antes.
Saindo do Memorial, decidimos almoçar em Potsdamer Platz , uma área de Berlim com vários edifícios modernos e enormes. É um contraste!
Próxima parada, Memorial do Holocausto, feito em homenagem aos judeus assassinados durante a Segunda Guerra Mundial, em um movimento nazista liderado por Adolf Hitler. O local consiste em uma área composta de 2.711 blocos enormes de concreto, onde é possível andar pelos corredores entre um e outro bloco. Como não poderia deixar de ser, a sensação de estar em meio a esses blocos é estranha e perturbadora.
Entre guerras e diplomacia
Um pouco adiante, chegamos ao Portal de Brandemburgo, um dos principais símbolos da cidade. O monumento é gigantesco e, de fato, muito lindo! A gente se sente pequenininho embaixo daquilo tudo!
E esse monumento tem uma história riquíssima, desde a sua inauguração, que foi realizada sem muita pompa, passando por Napoleão Bonaparte, que invadiu a cidade atravessando o Portal, até a construção do Muro de Berlim, que interditou o monumento por 30 anos! Nossa última parada nesse segundo dia foi no Parlamento, o Reichstag, um prédio suntuoso, mas que só observamos por fora.
Mudando o curso do roteiro
No terceiro e último dia, a proposta era ir até o Campo de Concentração de Sachsenhausen, um dos campos que Adolf Hitler construiu no período do Holocausto. Ele fica a uma hora de trem urbano de Berlim, indo para a estação Oranienburg Bhf. Pois então, eu não acordei muito bem nesse dia, e não estava no clima para ir ao Campo.
Me separei do meu grupo e fui dar uma volta pelas ruas, onde acabei, enfim, comprando um celular – para repor o que foi roubado em Paris. A parte interessante foi interagir com o vendedor, que me fez várias perguntas sobre o Brasil, sobre futebol (claro), sobre a minha viagem… enfim, dos momentos não planejados e que agregam ao roteiro que se forma naturalmente!
Encontrei dois amigos que não tinham ido ao Campo de Concentração, atravessamos a cidade de metrô, sentido zoológico, com destino à igreja Gedächtniskirche. É um dos templos mais famosos de Berlim, pois sua torre foi extremamente danificada em um bombardeio ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial e permanece assim até hoje, como uma forma de lembrar da destruição causada pela guerra. Como o dia estava propício para mudanças de roteiro, acabamos não encontrando a tal igreja! Não lembrávamos o nome dela direito – será por que, né? – e acabamos indo para o lado contrário da via.
Decidimos, então, sentar em um bar/café na esquina de outra igreja. A tarde estava agradável, a cerveja era boa e o papo também! Inclusive, este é o lado oriental de Berlim, que é bem diferente do que já conhecíamos da cidade. As edificações são mais antigas, mais simples.
Mesmo não tendo ido a alguns lugares planejados, como o Campo de Concentração e a igreja Gedächtniskirche, substituí esses momentos por outros tão ou mais interessantes. Sair um pouco do roteiro e jogar conversa fora, ou sentar numa esquina, tomando uma cerveja e observando a vida cotidiana acontecer, é algo que faz parte da experiência de viagem. Portanto, abra o coração e os olhos e deixe o lugar surpreender!
Berlim, apesar de ser conhecida como o paraíso das baladas, não foi uma cidade onde me esbaldei nesse sentido. Acabei não aproveitando essa “vibe” lá.
Pegamos o trem para Praga na manhã do dia seguinte, e foi uma das mais lindas viagens de trem que fiz na vida, pois a paisagem entre as duas cidades é de encher os olhos!
A primeira parte do Mochilão na Europa, em Praga, está relatada aqui, onde faço um mix das duas oportunidades que tive de estar na cidade, a primeira durante a Eurotrip, e a segunda no feriado de Ano Novo de 2015.
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Escrito por Danielle Coimbra
Tem um caso de amor com a procrastinação.