Lisboa, Portugal – Cidade 3 de 50

13 de dezembro de 2014 | Escrito por Filipe Teixeira | Desafio das 50 cidades

Talvez Lisboa seja a cidade sobre a qual eu terei mais dificuldade em falar, afinal a dimensão que ela tem para mim é infinitamente maior que a das outras cidades que visitei e que virei a visitar. Isso porque é em Lisboa onde eu moro desde julho de 2012. São já quase dois anos e meio aqui e qualquer coisa que eu disser neste texto sobre a cidade será apenas uma pequena amostra do que ela realmente é e representa pra mim.

Os miradouros

Lisboa

Lisboa me conquistou muito cedo. Antes que eu completasse duas horas em terras lusitanas, a vista a partir do Miradouro São Pedro de Alcântara foi suficiente pra me arrebatar. Ainda hoje esse é meu lugar preferido da cidade. Tomar uma cerveja ali num fim de tarde cura qualquer mal-estar. E há vários outros miradouros de onde se podem apreciar paisagens belíssimas, como o do Adamastor, o de Santa Luzia e o da Senhora dos Montes. Há listas e listas de outros pontos de onde é possível contemplar a cidade, mas o bom mesmo é se perder por Lisboa e se deparar com um miradouro naturalmente.

Belém

Lisboa

Belém é um lugar lindo e cheio de coisas pra fazer. A primeira parada é para comer os famosos pastéis. Devidamente alimentado, o destino agora é o Mosteiro dos Jerónimos e a Praça do Império. Ao lado da praça, fica o Centro Cultural de Belém, que reúne todo tipo de evento artístico, além de ser um prédio muito bonito. Atravessando a linha do trem, bem à beira do Tejo, temos o Padrão dos Descobrimentos e, mais para o poente, chegamos à Torre de Belém. Depois de ver tudo isso, vale muito a pena estirar uma toalha no gramado e ficar por lá apreciando a paisagem.

Bairro Alto

Lisboa

Não se embriagar, nem que seja um pouco, por lá, numa noite assim perdida, é um pecado. O lugar é cheio de bares e discotecas (a palavra boate aqui é pejorativa), mas o bom mesmo é ficar perambulando pelas ruas do Bairro, principalmente no verão. Mas se a opção for sentar em algum lugar pra beber e jogar conversa fora, indico o Páginas Tantas, que é um bar com temática de jazz, e o Agito, o bar mais cool da cidade, com cerveja e vinho baratos, iluminação noir e decoração randômica. Por randômica entenda narguilês ao lado de um dicionário espanhol-búlgaro.

A comida

Lisboa

Nem só de pão vive o homem, a não ser que você more em Lisboa. No Brasil, o estereótipo do português é o Manuel da padaria. Aqui descobri que não deve ter sido à toa que essa ideia nasceu, pois a variedade e qualidade dos pães que existem aqui é considerável. O meu preferido é o pão de cereais, ou de sementes. E não dá pra falar de comida em Portugal sem citar o bacalhau. O que se diz é que existem 365 receitas do peixe, uma pra cada dia do ano. Devo ter provado umas cinco delas e até agora aprovei todas. Bom mesmo é o nome de algumas dessas receitas, por exemplo “Bacalhau espiritual”. Como diria Leonardo DiCaprio, “cavalheiros, vocês tinham minha curiosidade, agora vocês têm minha atenção”.

A língua portuguesa

Lisboa

Pra mim, que sou um apaixonado confesso pela língua de Camões, dá gosto ver como ela é bem tratada aqui. Claro que aqui e acolá vemos um escorregão ou outro, mas a fenomenologia está aí pra explicar isso. Quem, no calor de um jogo de futebol, diria “Puta que os pariu a todos”? Quem, às três da manhã, já no segundo litro de cidra, diria “… ficamos juntos por quatro meses, findos os quais…”. Isso é música pros meus ouvidos.

Não seria possível resumir aqui o que Lisboa significa, e se eu não parar já, este texto vai ficar com milhares de linhas. Portanto vou recorrer a Alberto d’Oliveira pra encerrar esta pequena homenagem à cidade que hoje é minha casa:

Ó Cidade da Luz! Perpétua fonte

De tão nítida e virgem claridade,

Que parece ilusão, sendo verdade,

Que o sol aqui feneça e não desponte…

Deixe um comentário

Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.