Como (tentar) evitar perrengues no aeroporto

5 de novembro de 2014 | Escrito por Filipe Teixeira | Dicas

Não precisei de muitos voos pra perceber que não sou muito fã de aeroportos. Toda aquela burocracia entre pisar no aeroporto e decolar me incomodou desde muito cedo. Claro que tudo aquilo diz respeito à nossa segurança e é de extrema importância, por isso todas aquelas etapas pelas quais passamos até decolar que nos exigem umas duas horas do nosso tempo têm uma razão de ser. Mas escovar os dentes também é de extrema importância, exige tempo e tem uma razão, e não deixa de ser um saco. E o pior é que, assim como, embora você escove os dentes todos os dias após cada refeição, uma vez ou outra pode aparecer uma cárie esperta, pode acontecer também de você se atrasar pra um voo ou até perdê-lo, mesmo tendo tomado cuidado e cumprido aquelas exigências.

Nas últimas férias, eu passei por dois perrengues estressantes, um na Turquia e o outro na Holanda. O primeiro por culpa minha, já o segundo por causa de forças ocultas das quais não tenho conhecimento. Em ambas tive muita sorte, mas como não é sempre que se pode contar com ela, aqui vão algumas dicas sobre como agilizar o processo e reduzir as chances de acontecerem percalços no caminho com base no que aconteceu comigo no aeroporto de Istambul.

1. Chegar ao aeroporto na hora

Meu primeiro quase-grande-problema foi no aeroporto de Istambul, em junho passado. Eu tinha um voo para Amsterdã às 11h05 e, como a Turquia não faz parte da área Schengen, o procedimento seria o mesmo de um voo internacional, ou seja, eu deveria estar no aeroporto pelo menos duas horas antes do embarque, mas a essa hora eu estava, na verdade, levantando da cama do hostel. Pra chegar ao aeroporto de Istambul, eu teria que pegar um bonde e depois um metrô. Ambos passam com bastante frequência e não demoraram muito a chegar. Porém, no nervosismo, acabei pegando o metrô no sentido errado, o que me fez perder mais tempo ainda. O resultado foi que eu cheguei ao aeroporto faltando exatos 14 minutos para a decolagem.

Em tese eu havia perdido o voo. Só um milagre pra me colocar dentro daquele avião. Como eu poderia ter evitado isso, além de, obviamente, ter acordado mais cedo? Normalmente os hotéis e hostels oferecem traslado para o aeroporto, o chamado shuttle. O que eu estava, por exemplo, dispunha desse serviço e nem era muito caro. Mas preferi confiar na minha disciplina e deu no que deu.

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Grand Bazaar em Istambul

2. Viajar apenas com bagagem de mão

Uma coisa que eu percebi nas minhas viagens é que cada vez levo menos coisas, proporcionalmente ao número de dias que vou ficar fora, claro. Mas mesmo que sejam muitos dias, se você preferir abdicar de algum tempo da viagem, basta se hospedar em um local que ofereça lavanderia, ou se você estiver fazendo uma viagem bem low cost e se hospedar na casa de alguém através do Couchsurfing ou do Worldpackers, melhor ainda. Mas como o assunto aqui é aeroporto, digo isso porque o fato de só levar bagagem de mão nessa viagem contou a meu favor.

Estava eu no balcão da companhia aérea, já resignado, convencido, conformado de que teria que comprar outra passagem, mas não custava nada tentar. Mostrei o passaporte para o funcionário da companhia aérea como se fosse a coisa mais natural do mundo tentar embarcar em um voo internacional faltando dez minutos para a decolagem. Ele olhou pra mim e disse uma palavra: No.

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A mochila de 45 litros que salvou a pátria.

Como eu não tinha argumento algum a usar, peguei meu passaporte de volta e comecei a mentalizar que aquilo não era nada demais, afinal, de todos os trechos que fiz nessas férias, esse era o mais barato e a perda não ia ser lá tão grande. Mas antes que eu me afastasse muito, o funcionário me chamou e pediu meu passaporte novamente. E é aqui que entra a bagagem. Ele me perguntou se eu precisava despachar alguma mala. Respondi que não, que só tinha aquela mochila mesmo. O funcionário imprimiu minha passagem, colocou dentro do passaporte e antes de me entregar, disse com um sotaque carregadíssimo: Normally we don’t do it, but… you’re Brazilian. Follow me*. Viva o futebol! E viva as mochilas de 45 litros!

3. Fazer o check-in on-line ou o self check-in

A maioria das companhias aéreas liberam o check-in on-line 24h antes da decolagem. Mas se você não tiver como imprimir em casa ou em qualquer outro lugar, no próprio aeroporto existem dezenas de máquinas onde você pode realizar o self check-in, que pode ser feito com o passaporte apenas, ou com o código da reserva. Isso vai economizar muito do seu tempo. Não vale a pena pegar uma fila no balcão da companhia aérea se você não tem mala pra despachar. Eu só fiz isso porque quando cheguei ao aeroporto, ainda do lado de fora, logo na saída do metrô, tentei fazer o self check-in e, devido ao adiantado da hora, não foi possível.

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4. Facilitar a vida do agente que cuida do detector de metais

Como Murphy é um cara muito atento, o aeroporto de Istambul tem um detector de metais logo na entrada. Essa é a parte mais chata de todas, mas de tanto passar por isso, peguei a manha. É um detector de metais, então tire dos bolsos tudo que for de metal, como moedas, chaves, tampas de cerveja (pois é, eu coleciono) etc., além de tirar o cinto e os sapatos, se tiverem partes metálicas. Coloque tudo na bandeja. Pra não demorar, melhor mesmo é colocar as moedas, as chaves e as tampas de cerveja em um bolso específico da mochila. Acredite: moedas têm uma capacidade incrível de ficarem grudadas no fundo da bandeja, parece mágica e, quanto mais alvoroçado você estiver, mais difícil vai ser de retirá-las.

Na bandeja também vão os dispositivos eletrônicos, como celulares, tablets e notebooks. Por fim, os líquidos. Só são permitidas embalagens de até 100 ml, e elas devem estar guardadas em sacos plásticos vedados. Alguns aeroportos, como o de Lisboa e Amsterdã, oferecem esses sacos plásticos, mas como a ideia é ganhar tempo, compre antes. Aqui em Lisboa, nas várias lojas de chineses, são vendidos tanto os frascos de 100 ml quanto os sacos plásticos. Essas lojas são equivalentes às de R$1,99 no Brasil.

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5. Não dar bobeira na Emigração

Por não dar bobeira, entenda ter todos os documentos e não se contradizer. Embora na Emigração seja mais tranquilo que na Imigração, nunca é bom vacilar. Comigo estava tudo certo, tinha tudo de que precisava, e o funcionário da companhia aérea pediu licença ao pessoal que estava na fila pra que eu pudesse passar na frente, devido ao meu atraso. O agente fez tudo o mais rápido possível e carimbou meu passaporte: Çıkış. Adorei a Turquia! E todos os turcos.

Essa história toda parece que durou um tempão, mas aconteceu dentro daqueles 14 minutos que eu tinha, e olha que eu ainda tive que passar por mais um detector de metais. Tive sorte por o funcionário da imigração gostar de brasileiros e também porque o voo atrasou uns minutos. Mas como contar com a sorte é sempre perigoso, o melhor é ficar atento e fazer o mínimo, como acordar na primeira vez que o despertador toca.

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Vista de Istambul logo depois da decolagem.

*Normalmente não fazemos isso, mas… você é brasileiro. Me siga.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.