Casamento entre brasileiros na Colômbia

13 de julho de 2016 | Escrito por Filipe Teixeira | Diário, Viva Medellín

Faz quase um mês que eu me casei com o Filipe. Ao contrário de muitos casais que moram no exterior, não voltamos para nos casar no Brasil – não por falta de vontade, mas seria complicado. Afinal, eu sou de Brasilia-DF e o Filipe é de Fortaleza-CE. Como iríamos agradar as duas famílias? Onde seria? Quem iria acompanhar todos os preparativos pra gente? Claro que nossas mães e pessoas próximas cuidariam dos preparativos, mas como deixar o nosso grande dia bem do nosso jeito se estaríamos a quilômetros de distância?

Deixamos isso de lado e resolvemos ligar para o cartório em Fortaleza. Minha familia e amigos brasilienses nao se importariam de que fosse lá. Tenho certeza. Nos pediram vários documentos. Teríamos que enviar todos eles pelo correio. Foi uma burocracia sem fim. Falei com o meu noivo (agora marido, ui!) que estava difícil e resolvemos ligar para outro cartório. Não podia ser tão dificil assim. Mas era.

casamento

Eis que surge a ideia da Embaixada. Mandei um e-mail para lá e expliquei para a Neide, a Vice-Cônsul, toda a história. Ela falou que, no nosso caso, por sermos brasileiros, era mais fácil nos casarmos em terras colombianas. Ela me pediu uns dias para que pudesse organizar uma reunião com as autoridades da Embaixada no intuito de reunir todas as informações necessárias.

76 litros de suco de maracujá depois, não confiei na facilidade que seria nos casarmos na Embaixada (desculpa, Neide! não estava acostumada a ser bem atendida. A culpa foi minha). Uma semana se passou e eu liguei para ela. A resposta era praticamente: “calma, fera! Sossega que vai dar certo!” Claro que era de um jeito mais delicado e não foi com essas palavras, só traduzi pro Camilês para que vocês entendam a gravidade da agonia.

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Depois de alguns dias, juntamente com o e-mail, chegou a relação de documentos. Filipe e eu tínhamos todos. Não foi nada demais, RG, Certidão de Nascimento (com validade de seis meses. Nesse caso, tivemos que pedir para que nossos pais as enviassem para a gente). No momento em que recebemos nossas certidões, Filipe e eu juntamos tudo, assinamos, escaneamos e enviamos.

Recebi um e-mail que confirmou o recebimento e me disseram que em alguns outros dias entrariam em contato.

OUTROS LONGOS DIAS…

Saí de casa pela manhã em um dia bem chuvoso. Abri meu guarda-chuva e uma senhora colombiana foi entrando, sem cerimônias, debaixo do meu guarda-chuva e começou a puxar assunto. Ela me perguntou de onde eu era e falou encantada: “EU AMO O BRASIL. Eu adorei conversar com você, moça. Boa sorte na sua vida”. Eu também tinha adorado falar com ela.

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Foi um dia metereologicamente feio, porém muito bonito em outros aspectos. Ensopada e com a sapatilha encharcada, cheguei em casa. Escutei Filipe falando ao telefone. Ele estava feliz. Entrei para o quarto, liguei o computador e tinha um post-it: “nós vamos nos casar em junho.” Com vontade de gritar pro mundo e já passar a novidade em todos os grupos do Whatsapp possíveis, esperei que ele desligasse para me contar tudo. Assim foi. Ele me confirmou o bilhete e nos abraçamos sem acreditar que foi mais fácil do que imaginávamos.

Mais tres litros de suco de maracujá concentrados, veio a pergunta: “quando em junho?”

OUTROS POUCOS LONGOS DIAS…

Me enviaram um e-mail respondendo que seria no dia 17. “Peraí, vai ser nesse dia mesmo? Vamos logo comprar as passagens? Preciso falar no meu trabalho. Ai, cade uma confirmacãããão?”

Voce que é um leitor assíduo do Viva Medellín ja pode prever: lógico que usei o Facebook para perguntar ao Consulado do Brasil em Bogotá. Lógico, gente. Pensava que se eu enviasse alguma pergunta por outra rede social, ninguém iria desconfiar de que eu era a mesma Camila dos outros tantos e-mails. Certeza que, quando receberam, falaram: “PQP, essa mulher de novo!” Ok, tudo bem. Eu sei.

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Responderam confirmando que seria, de fato, no dia 17. Dei print. E o medo de chegar lá e eles falarem que eu viajei na maionese? Compramos as passagens e fomos a Bogotá com a Jamille e o Daniel, nossos amigos e testemunhas. Dilne e Diego, amigos que moram lá, também compareceram.

Foi tudo maravilhoso. Patricia, Chefe do Setor Consular e Leonardo, Oficial de Justiça, conduziram a cerimônia. A embaixadora Maria Elisa Berenguer, que é um amor de pessoa e estava ocupada na hora, pediu para que a esperássemos, porque também queria participar. Ela nao só participou como se emocionou com a gente. Senti-me acolhida pelo Brasil e fiquei muito feliz com o tratamento que tivemos. Segundo o pessoal da Embaixada, foi o casamento de 2016. Afinal, a média é de um casamento entre brasileiros por ano.

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Brindamos, agradecemos e ficamos muito felizes. Portanto, casalzinho de serumaninhos que está pensando em se casar, a dica que eu dou é: casem-se na Embaixada e, se quiserem, vão Brasil para fazer a festa e ver os parentes. A burocracia é muito pequena – quase inexistente – e a dor de cabeça é zero.

Agonia relatada, conselho dado, vamos aos agradecimentos:

Agradeço à Embaixada do Brasil em Bogotá, à Embaixadora sra. Maria Elisa Berenguer, ao Oficial de Justiça Leonardo Caldas, à Vice-Cônsul Neide, à Chefe do Setor Consular Patrícia Soares, ao Cristian, que é fotógrafo oficial e fez fotos lindas, à Dilne e ao Diego, aos nossos amigos e testemunhas Jamille e Daniel e a todos que nos cumprimentaram e colaboraram para que desse tudo certo nesse dia. Muito obrigada!

(Sei que vocês sentiram saudade das minhas ligações e e-mails. Se quiserem, posso retornar qualquer dia desses em horário comercial).

Obrigada, obrigada e obrigada! Que venha esse novo ciclo cheio de amor.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.