Explorando o Delta do rio Danúbio – Parte 2

5 de outubro de 2015 | Escrito por Tammer | Diário de viagem

 

Sulina tem pouco mais de três mil habitantes, o que implica dizer que boa parte do vilarejo pode ser visitada a pé. Junto ao Danúbio, há bares, restaurantes, algumas pousadas, duas ou três mercearias e uma farmácia (fechada aos sábados e domingos, favor ficar doente somente durante a semana). A um quarteirão do rio, fica a igreja Católica Sfântul Nicolae, e a um bloco dessa igreja, fica a igreja Ortodoxa Sfântul Nicolae. A minha ignorância sobre o assunto não me permite concluir que se trata do mesmo santo. Até porque eu me lembro de ter visitado uma igreja de São Nicolau em Demre, na Turquia, que havia sido construído nas ruinas da igreja onde o próprio São Nicolau era bispo e que, supostamente, por ele dar muitos presentes, ficou conhecido como Papai Noel.

Eu tenho a leve impressão de que os três são a mesma pessoa, mas confesso que não sei ao certo. Digressões à parte, voltamos a Sulina. A arquitetura de Sulina consiste, em boa parte, em prédios de apartamentos construídos durante o regime comunista, assim como na capital Bucareste. Há também prédios mais antigos, por enquanto, pois eles estão literalmente caindo aos pedaços. Os prédios mais novos são pousadas que foram construídas para atender ao crescimento do turismo na região.

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Árvore mais velha que o Brasil

A principal atração de Sulina são as excursões de barco que têm como objetivo levar o turista justamente pra fora de Sulina. Esses barcos, de tamanhos, preços e estados de conservação variados, ficam à beira-rio à espera dos turistas. Fizemos dois desses passeios, um pelos vários braços do Danúbio e outro a uma ilha próxima no encontro do rio com o mar, conhecida como Insula Fericirii (Ilha da Felicidade). O primeiro foi um verdadeiro festival de natureza, confortável até, levando em conta a instabilidade do barco causada pela má distribuição de peso de alguns dos passageiros. Pudemos ver pelicanos, albatrozes, gaivotas, sapos e cobras aparentemente inofensivas.

A excursão continuou em uma camionete muito provavelmente dos tempos comunistas. O nosso guia nos levou pra ver dunas, menores que as do Ceará, mas não menos imponentes. Algumas delas chegam a atingir 12 metros de altura. Vimos também um bosque com arvores de mais idade que o Brasil e um lago de água salgada que nem no mapa está. O segundo passeio foi mais curto, mas teve a vantagem de ser no fim do dia, e ver o pôr-do-sol no Delta não tem preço.

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Skol romena

Como os turistas que visitam essa região são em sua maioria romenos, o turismo local ainda não se preparou para receber estrangeiros, o que de certa forma é um charme a mais. Naturalmente, a língua usada pelos guias é o romeno, e como eu só sei o suficiente pra pedir cerveja e carne de porco, eu prestei muita atenção nas palavras-chave do guia. A Elena fez a gentileza de resumir pra mim o essencial. Ao menos eu consegui entender que em nenhum dos passeios iríamos ser servidos cerveja ou carne de porco.

Como Sulina fica na costa, também é possível ir à praia. A pé, uns 45 minutos de boa caminhada no sol escaldante do verão romeno, ou de ônibus (2 lei – R$2 – por pessoa). A praia em si não é nada de especial, mas com o calor que tem feito neste verão interminável, passar o máximo de tempo possível debaixo d’água pareceu tão apropriado que fomos duas vezes. Ate uma Skol gelada eu achei por lá. Não era a mesma do Brasil, mas por 4 lei (R$4), o chope de 500ml, serviu (serviram).

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Porto de Tulcea

No retorno de Sulina a Tulcea, decidimos pagar um pouco mais e apanhar um dos barcos rápidos. Só não sabíamos que o capitão seria o Schumacher, nem que ele pilotava barcos, nem que ele gostava de reggaeton. O capitão Schumacher “The Flash” nos trouxe pra Tulcea em um pouco mais de uma hora, quebrando o recorde mundial (dele mesmo). Como chegamos lá tão rápido, tínhamos ainda mais de duas horas até o horário do nosso trem pra Bucareste. Por não sabermos o que fazer com tanto tempo, escolhemos o restaurante mais devagar da região Dobrogea. Pedimos um prato de peixe – pedimos não, a Elena pediu, porque não era carne de porco – sem saber que os cozinheiros ainda estavam se arrumando para ir pescar. Depois do nosso almoço rápido, já era hora de ir pra estação. Pra nossa alegria, a sauna já estava ligada na temperatura máxima. Călătorie plăcută!!!

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Escrito por Tammer

Colecionador de destinos e calorias