6 pratos que provei nas Filipinas
Duas horas de atraso no portão de embarque do Changi (paraíso, quer dizer, aeroporto de Cingapura) foi uma das maiores culpas na expectativa daquele dia, além de problemas no sistema da companhia aérea, que me renderam 20 fases no Candy Crush e uma fome que leão algum fosse capaz de matar, como um bom maluco por descobertas, eu só almejava um fim de semana nas Filipinas – mas não imaginava que a emoção fosse começar nos contratempos da companhia aérea (JetStar, ainda te amo). Após um voo turbulento – no qual eu não sabia se agradecia por estar acordado ou me arrependia por não ter levado meu abençoado Dramin -, vosso viajante chegava com sua pequena mochila e um estômago clamando urgentemente por comida, de preferência um pote de Nutella (spoiler eterno, bjs), mesmo que fosse platônico. E por incrível que pareça, uma das primeiras coisas que eu repetidamente ouvi de turistas ao chegar à cidade de Manila (capital da ilha) foi o quanto eles não gostam da comida nas Filipinas. Mas, após passar três dias no país, eu já não poderia ter discordado mais. A comida lá era sensacional e, das duas, uma: todos os turistas estavam enganados ou a minha fome que não tinha mais fim.
Naquela onda de pratos típicos, alguns deles me tornavam sábio o bastante para não perder uma boa foto. Segue um pouco do checklist que me apeteceu:
1. Frango Sotanghon
Começando com a típica versão Filipina da “sopa de galinha” da avó. Aqui jaz um generoso pedaço de frango, cogumelos shitake, cenouras, cebolas verdes, macarrão e Deus sabe mais o quê. Tudo o que sei é que é supersaborosa e esta é daquelas em que você pede bis, não se conformando com o fato de que uma simples sopa pode te dar tanto sabor.
2. Bife Mechado
Quase dois anos depois e eu ainda não sei dizer se amei ou odiei. O prato é preparado com um decente corte de carne bovina (com muita gordura), cozido em molho de tomate. Batatas e cenouras são em demasia, na minha opinião acabaram “roubando a cena” da pobre vaquinha no prato. Mas nada impressionante, só achei um pouco “demais” o sabor do tomate, afinal pratos asiáticos sempre têm suas caixinhas de surpresa.
3. Paksiyo Baboy Bisaya (carne de porco e banana)
Cortes de carne de porco cozido em uma base de molho de soja com bananas. Nada tão estranho, se não fosse pela combinação das bananas com os suínos; mas o gosto é tão louco quanto o prato aparenta ser e isso já me faria voltar a Manila, tranquilamente.
4. Chicharon
Chicharones são como os Doritos das Filipinas. São apreciados e conhecidos como os “snacks” do país e, pensando nisso, eu havia tomado coragem para abrir um grande saco desses salgadinhos filipinos, assistindo a um filme no hotel, antes de dormir. (O horário agradeceu; já o estômago, nem tanto.) Basicamente, é o famoso torresmo (pururuca) do nosso Brasil – o qual além de servir como refeição nas Filipinas, também é utilizado para acompanhar e “enfeitar” vários pratos. O gosto? Bom, em se tratando de algo parecido com torresmo, fica difícil um brasileiro há dias de distância, não se entregar. Esse foi um dos pretextos que me fez cair feito um pato (ou melhor, porco). Para os filipinos então, a “pururuca asiática” é só amor.
5. Bibingka
Este prato é um tipo de bolo feito com leite de coco e cozido em folha de bananeira. Como um bom e sagaz apreciador de doces, minha alma de gordo levemente remeteu o bolinho a uma espécie de Muffin do StarBucks e, ao prová-lo quente, eu quase havia chegado a um orgasmo em Manila devido à textura, ao cheiro e ao sabor, especialmente à manteiga derretida que escoava através dele; em três dias, falei tanto a palavra “Bibingka”, que quase pedi isso para o agente de imigração das Filipinas, quando voltava a Cingapura. (Ainda tentando reproduzir a receita, mas sem sucesso.)
6. Buko Pie (torta)
Se você andar de ônibus nas Filipinas – seja para qualquer lugar – certamente irá se assustar com os vendedores de rua pulando a bordo nos pontos e gritando “Buko pie, Buko pie!”. Depois de ver um belo número de pessoas comprando as tortinhas, cheguei à conclusão de que tal torta deveria ser grande coisa e também me joguei para tirar a prova dela. Sim, era real. Sinceramente, não esperava que fosse tão bom. A textura me fez lembrar uma bela torta de maçã, com uma massa firme e agradável, com aquele típico cheiro “fresquinho” que nos amolece os joelhos quando passamos em frente à uma padaria pela manhã. Um dos vendedores havia me garantido que eu iria levar uma caixa na mochila, ao retornar de Manila. Dito e feito. Mas qual foi a graça? Apenas uma torta bem cozida recheada com pedaços de coco e leite condensado. Afinal, nada que eu não soubesse. Mas, como eles fizeram isso ter um gosto tão bom, até agora eu não tenho a mínima idéia.
Próxima parada, ainda não sei. Mas, nas Filipinas ou não, pretendo caçar alguma “Buko Pie” por aí, pra aguardar alguns voos atrasados.
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Escrito por Rafael Feltrin
Tenta ser legal, mas roubava Tazos na 5ª série.