Uma vez no Zimbábue…

15 de junho de 2015 | Escrito por Rafael Feltrin | Diário de viagem

Acredito que minha fascinação pela África já é perceptível; acho que isso me faz escrever e reescrever sobre ela a todo instante e com uma certa saudade para a qual eu ainda não encontrei solução, que ainda permanece forte, mesmo após 7 anos já passados em que eu deixei aquela terra.

Saí da África do Sul no domingo cedo e, ainda pela manhã já aterrissava na cidade de Harare, capital do Zimbábue, em um  aeroporto novinho e bonito. (Acreditem ou não, melhor do que muitos no Brasil.)

Em seguida, fui obter o visto – daqueles que são “concedidos” logo no guichê de entrada. Paguei 30 dólares pelo documento, adequado para uma única entrada no país. Um turista do Reino Unido, que estava na poltrona ao meu lado durante o voo, pagou 55 dólares. (África, obrigado pela compreensão com os pobres mochileiros oriundos do Brasil.)

zimbábue

A bondade do Zimbábue até que ia além, pois o agente do visto foi bem gentil quando viu meu passaporte e, obviamente falou “Ronaldo”, “Kaká”, além de toda a companhia que nos dá o carimbo de uma bela reputação de futebol, claro.

Harare é uma cidade bem simples. Até possui a sua área mais “business” que lá tem seus edifícios ultra modernos; mas são poucos, diante do país que possui um dos piores índices econômicos do mundo, com uma inflação que atingia a casa dos 9,030 milhões por cento, na época.

O trânsito era “um pouco” bagunçado; mas nada além do esperado para uma típica capital de 3 milhões de habitantes, ainda mais quando estamos falando de África.

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Minha primeira estadia não foi muito longa, porém intensa: me ganhou logo pelo estômago e, diante do meu ponto fraco já citado outras vezes, a gastronomia de um belo restaurante sempre fez com que eu me tornasse presa fácil.

Após um instante de pesquisa, algumas referências do Hotel em que eu estava e uma condução de dois ônibus quase despencando em pedaços, fui parar no “Amanzi”, que fica ao Norte da Harare. E que sorte a minha daqueles ônibus não terem despencado, pois eu me encontrava diante de um dos melhores restaurantes/hotéis que já conheci, com um serviço impecável desde o primeiro minuto em que adentrei o local. É claro que um “achado” no meio das inúmeras precariedades do Zimbábue, ao trazer tanto luxo e conforto, tinha o seu devido (e justo) valor.

Marley estava lá

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Um adendo (que também já está claro por outros posts) é o fato de eu ser um fã de carteirinha de Bob Marley. Alguma sugestão para saber qual foi a sensação deste redator ao estar em um local formado por 4 hectares de jardins paisagísticos, aguardando pela refeição ao som de “Zimbabwe“? Tudo bem, a sugestão da música era previsível e um tanto óbvia, mas, ainda assim, ela caía como uma luva de inspiração para o visual do lugar.

Uma antiga fazenda, arquitetonicamente convertida em uma mistura moderna, exótica e elegante, a qual era capaz de agradar desde um viajante econômico até um turista recheado de euros.

O Amanzi era pura mistura: identifiquei um sofisticado mix de estilos, entre o rústico e o contemporâneo, rodeados pelas típicas vegetações africanas e, claro, o assunto principal para quem havia se aventurado em um frenético “ônibus da morte”: a culinária.

Momento do orgasmo

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Como se não bastasse a impressão de que eu – que mais parecia um turista abobado do que um residente da África do Sul – havia percebido do local, finalmente estava na hora de degustar (e matar as lombrigas) toda aquela beleza. E foi naquele instante em que recebi o menu do garçom que realmente me surpreendi: o Amanzi oferecia aos seus clientes, além de todo um menu de iguarias/pratos típicos até o estilo “fusion cuisine”, que trazia uma combinação do melhor da comida proveniente de diferentes países e culturas pelo mundo. E isso incluía desde a típica carne de Springbook (uma espécie de veado nativo da África) até a culinária árabe, peruana e mediterrânea.

Como era de se esperar, acabei exagerando na refeição e nas cervejas, mas não perdi a oportunidade de provar a carne de Zebra e da pobre “Girafa na brasa”. (Ainda não estava bêbado, apenas curioso, eu acho.)

Essa rápida passada por Harare não foi a única, mas me obrigou a retornar numa próxima.

Retornei, ciente de que gastaria os 30 dólares mais bem gastos para um visto. E todas as vezes em que eu ouço o tio Bob cantando “Zimbabwe”, também retorno, exatamente com a mesma sensação de ter entrado nesse tal de Amanzi.

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Escrito por Rafael Feltrin

Tenta ser legal, mas roubava Tazos na 5ª série.