Sexta-feira é dia de Jardim Botânico

29 de junho de 2015 | Escrito por Filipe Teixeira | Lugares, Viva Medellín

Era sexta-feira à tarde quando tivemos a ideia de ir ao Jardim Botânico. A entrada é um café com uma pequena lojinha que vende produtos locais e, claro, algumas coisas de Frida. Ué, Camila, por que “claro”? A Frida Kahlo era mexicana e não colombiana. Sim, meu querido leitor, ela é do país da tequila mesmo. Só quis frisar sua adorável onipresença nas lojas de souvenirs. Saindo do café-loja, passamos por um caminho bem bonito. Enquanto eu caminhava, crianças se divertiam e, ao fundo, um senhor vendia salpicón con lechera (salada de frutas com leite condensado). Olhei para a esquerda e vi uma oca. Achei interessante. Era uma casa construída por índios huitotos – um povo da divisa entre a Amazônia colombiana e a peruana – chamada Casa Madre Aburrá. Os huitotos a construíram para que fosse um local de paz e harmonia entre todos os povos. Ao entrar, havia homem branco (no sentido de não-indígena) junto aos indígenas, e não demorei muito para perceber que todos juntos faziam um bonito ritual.

Jardim Botânico

Depois passamos pelo Orquideorama – até que enfim conheci o lugar que, de tão bonito, não me cansava de passear por ele no Pinterest. Antes de vir, já havia pinado trocentas fotos. Essa construção de madeira que liga a natureza ao que foi projetado pelo homem é realmente maravilhosa. Pelo o que eu li, esse projeto foi fruto de um concurso arquitetônico organizado pela Revista de Design da Colômbia. O início das obras foi em janeiro de 2006 e concluíram em agosto do mesmo ano. Rapidinhos, né? Por cima do Orquideorama dá pra ver que as estruturas de madeira estão dispostas como se fossem flores. O interessante é notar que o lugar não é somente bonito. Ele foi muito bem pensado para que as orquídeas recebessem a umidade e a quantidade de sol necessária para o seu ideal desenvolvimento. Ao chegar, quis ver as flores. Infelizmente, poucas estavam lá. As que eu vi já estavam meio murchas, sem vontade de viver, implorando por férias e uma Piña Colada. De qualquer forma, o lugar é tão interessante que vale a visita.

Jardim Botânico

Caminhamos mais um pouco e a fome apareceu. Como um casal da #geraçãopugliesi #nopain #nogain, comemos um básico frango frito à tarde. Quatro molhos acompanharam separadamente o frango. Um deles era de abacaxi. Caso exista outra vida, tenho certeza que fui colombiana na última. O molho de abacaxi dá vontade de comer com tudo. Colômbia, mais um ponto pra você!

Perto do Orquideorama, também tinha um borboletário, mas estava fechado. O horário para se observar melhor as borboletas é até às 16h.

A noite estava surgindo. Adquirimos o costume de ir às sextas-feiras ao cinema ao ar livre que fica perto do Planetário de Medellín. Nessa noite tinha um grupo de capoeiristas dançando e cantando. Por um minuto, me senti na Bahia. O entardecer com aquele ritmo me fez pensar no Brasil… Às vezes, a ficha cai e percebo que não estou aqui só de férias. Surge um sentimento comum entre as pessoas que não moram mais no país de origem: algo alegre misturado a uma saudade aguda passageira. Sim, quando se mora fora, isso existe: a falta bate forte, mas com tanta coisa nova ao redor esperando para ser vivenciada, algo logo chama a atenção e faz com que o “aguda” vá embora. A falta não. Temos que aprender a conviver com ela, afinal é uma presença garantida na bagagem de quem mora fora.

Sentamos para esperar o filme: eram vários curtas de estudantes da Universidade de Medellín cujo curso de comunicação completou 20 e poucos anos. Como tínhamos mais interesse em assistir a um longa, assumimos o cansaço e voltamos pra casa.

Ah,  uma curiosidade: orquidário é diferente de Orquideorama. Eu jurava que era a mesma coisa. Na auge de minha ingenuidade en portuñol, jurei que Orquideorama era orquidário em espanhol. Descobri que enquanto orquidário é um viveiro de orquídeas, Orquideorama é o nome que deram a este lugar arquitetônico para a exposição de flores.

Com saudade, alegria e vários frangos com molho de abacaxi, por favor.

P.S: Querida balança, seja amiga.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.