Imigração – Quando o mundo virou a minha casa

22 de fevereiro de 2015 | Escrito por Danielle Coimbra | Dicas

Você já sentiu aquela vontade de jogar tudo pro alto e realizar o sonho de morar fora, seja pra estudar, trabalhar, fazer um trabalho voluntário ou simplesmente tirar um período sabático? Acho que, ao menos uma vez na vida, todo mundo já teve essa vontade, mesmo que pequena e bem escondida. E eu sei, não é fácil abrir mão de tudo e se jogar nesse mundão, mas a imigração não é o fim do mundo e tampouco algo impossível.

É importante termos uma reserva de dinheiro para tomar a decisão de passar um tempo fora, mas não é preciso ser rico para que isso aconteça! Fazendo uma economia mensal, é possível guardar um dinheirinho para aquele tão sonhado curso no exterior, ou para o primeiro mês no novo país, no novo emprego, ou ainda para aquela volta ao mundo! A internet está recheada de exemplos de pessoas que foram além e, com muito pouco, realizaram esses e outros sonhos.

E, atualmente, ficou muito mais fácil viajar para fora. O barateamento das passagens, o crescente número de países que não pedem vistos para brasileiros e as várias empresas ao redor do globo com vagas especificamente para nós, tudo isso tem facilitado a nossa vida! No post de hoje, eu vou contar um pouco sobre como foi a minha decisão de ir pro mundo, e de que modo realizei e venho realizando isso.

Dando o primeiro passo

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Primeiro de tudo, não espere surgir a companhia da sua vida para partir para uma experiência internacional. Temos a mania de esperar pelo melhor amigo, pela irmã, pelo primo, pelo namorado, por comodismo e, claro, temos medo de nos arriscarmos sozinhos. Mas viver fora é uma decisão que tem que fazer parte, principalmente, do seu eu, da sua vontade de fazer algo diferente para você mesmo!

Quando eu decidi que era hora de dar um salto maior, eu já estava a três meses de completar 30 anos, com uma carreira profissional estabilizada, um emprego legal, que me trazia desafios diários. Ou seja, não foi porque eu estava estagnada profissionalmente, ou infeliz. Foi pura e simplesmente porque, com praticamente 30 anos, eu cheguei à conclusão de que não podia mais adiar uma vontade latente há muitos anos!

Lidando com o medo da mudança

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Acho que não existe um limite de idade para se mudar de vida, de ambiente, de trabalho, de país, mas por que eu demorei tanto pra decidir isso? Medo! Medo de voltar ao Brasil e não conseguir me recolocar no mercado, medo de abandonar emprego, família, de ficar sem dinheiro, de ter que vender meu carro, único bem que eu possuía. Em 2013, um ano antes de tomar a decisão de morar fora, eu fui demitida da empresa em que eu trabalhava – eu estava lá havia dois anos. Houve um corte de pessoal e meu setor foi praticamente dizimado, e eu junto. Em um primeiro momento, fiquei péssima e achei que nunca mais fosse me recolocar no mercado.

Porém, com uma Eurotrip já organizada e paga, decidi ficar aquele mês fora e, na volta, focar na busca por um novo emprego. Em menos de um mês após a minha volta, fui contratada. E ter a sensação de que sou competente, que o mercado ainda é vasto, que “perder” um emprego não é o fundo do poço, foi o primeiro passo para começar a colocar em prática o plano da mudança.

E aí veio aquele estalo, e estava decidido! Sabe aquelas resoluções de ano novo que a gente faz? Pois é, a minha foi de focar na vida no exterior, em procurar onde poderia me encaixar.

E o dinheiro?

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Em janeiro de 2014, me apliquei para um programa de intercâmbio e, em meio às vagas e países, a Índia me escolheu. A proposta era trabalhar como escritora de conteúdo, por um ano, numa cidade no Norte do país. Entrevista feita, aprovada, era hora das ações práticas. Resultado: tive três meses para juntar algum dinheiro, pedi demissão – e usei a rescisão como um plus – e vendi o carro, que era financiado (nesse caso, a venda foi para evitar mais dívidas durante os três meses de preparação para a viagem).

Ao invés dos 12 meses programados, permaneci por quatro na Índia. E foi uma experiência sensacional. Morar com gente de outras cinco nacionalidades diferentes, comer comida apimentada e vegetariana todos os dias, lavar minha própria roupa, tomar banho de caneca, escalar montanhas com neve, ver camelo, vaca e elefante na rua, mulheres em saris coloridos, barganhar por tudo nos mercados, desde ovo até roupa, enfim, foram quatro meses intensos. Mas como nem tudo é perfeito, o emprego não estava legal, eu não estava inteiramente satisfeita e, mais uma vez, alguma coisa começou a se mexer aqui dentro.

Abrindo o leque de oportunidades

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Voltar para o Brasil ainda não era uma opção, eu queria melhorar o meu inglês, queria conhecer outros países, outras culturas, encontrar um trabalho legal. E a chance veio com a dica de um amigo. Um programa de voluntariado na Irlanda, para trabalhar e morar com pessoas com deficiências mentais. Seria algo novo, desafiador. Eu, com toda a minha experiência como jornalista, indo atuar em uma realidade completamente diferente. Minha inspiração foi por fazer algo de bom pelas pessoas, doar meu tempo para ajudar e fazer o próximo mais feliz.

Questões práticas novamente: como ir para a Irlanda? Um ponto a nosso favor é que a Irlanda é um dos países que não exige visto de turismo para brasileiros. Menos um gasto. O programa que escolhi provê alimentação, acomodação e uma ajuda mensal em dinheiro. Além disso, a instituição se responsabiliza pelos custos com o visto de voluntariado ao chegarmos ao país. Com algumas rúpias economizadas na Índia, uma reserva ainda trazida do Brasil e um empréstimo feito com a minha mãe, para comprar a passagem, cheguei à Europa com o suficiente para me jogar de cabeça na nova experiência e para viver por um ano.

E a saudade?

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Neste mês de fevereiro, completei seis meses vivendo na Irlanda, realizando um trabalho que me desafia diariamente, que me faz ser alguém melhor, tanto para mim quanto para o próximo. Se tenho saudades do Brasil, da minha família, dos meus amigos, do jornalismo? Sim, tenho, mas tenho mais certeza ainda de que tudo isso estará esperando por mim para quando for o momento de voltar para casa! E meu recado de hoje é: para acontecer, basta começar! Acredite, confie em você! O mundo está aí para ser todo seu!

Danielle Coimbra nasceu em Brasília e é jornalista. Hoje muito mais do mundo do que de um único lugar. Adora viajar, é adepta aos momentos e movimentos, tem uma alma de buscadora e está sempre com o pé na estrada. Já morou na Índia e agora está a experimentar as cervejas da Irlanda. Amante da liberdade, também é uma ótima companhia para vinhos, boas histórias e espontâneas gargalhadas. Leia outros relatos de viagem da Danielle no blog Enchendo a Mochila. Clique aqui para ouvir a entrevista em que ela fala sobre sua temporada fora do Brasil.

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Tem um caso de amor com a procrastinação.