Paisagens

11 de janeiro de 2015 | Escrito por Filipe Teixeira | Diário de viagem

Minha avó, sentada na cadeira do alpendre da sua casa no interior do Ceará, em Itapipoca, às vezes interrompia uma conversa e dizia “Lá vem ela”. Quando eu e meus primos olhávamos para a mesma direção que ela, víamos lá longe a nuvem escura derramando a chuva, que brevemente chegaria até nós. Essa é uma de muitas paisagens que me fascinaram ao longo da vida e das viagens. Esse hábito, o de olhar para o horizonte ao menor sinal de chuva, me acompanhou sempre, principalmente por morar em Fortaleza, onde o mar cria o ambiente perfeito pra ver a chuva chegar.

paisagens

Em 2007, viajei para Viçosa do Ceará, uma serra na fronteira com o Piauí, para o Festival de Mel, Chorinho e Cachaça. Na primeira manhã, ao sair da padaria onde tomei café, fiquei espantado com a beleza da névoa densa que invadia a rua. Anos depois, em Medellín, logo quando saí do aeroporto, tive a mesma sensação de atravessar uma nuvem.

paisagens

Ainda em Medellín, na primeira noite depois que mudei de apartamento, olhei pela janela e a montanha cujo contorno se podia definir durante o dia, agora estava pontilhada pelas luzes das casas e das ruas. Mas como pra mim tudo era céu, até que eu entendesse o que estava acontecendo, aqueles pontos brilhantes eram na verdade estrelas. Estrelas elétricas. E o verde! Medellín tem 70% do seu território coberto por áreas verdes. A cidade é cheia de parques e as ruas são bastante arborizadas.

paisagens

Já em Lisboa, o que me chamou bastante a atenção foi o relevo e a possibilidade de ver a cidade lá embaixo de vários ângulos. Os miradouros são meus locais preferidos da cidade, pois são muito inspiradores, ótimos lugares para quando se precisa pensar na vida ou simplesmente não pensar em nada.

paisagens

Aproveitando que vim para o hemisfério norte, fui em busca da neve. Já havia tentado no Nevado del Ruiz, em Manizales, mas, apresar do nome, só vi a neve de longe. Tentei na Sierra Nevada, em Granada, sul da Espanha, porém, apesar de haver neve, ela tinha sido acondicionada artificialmente para a pista de esqui. Só quando fui à Noruega é que realmente vi neve de verdade. A cidade toda coberta de branco vista do alto de uma montanha é uma paisagem muito marcante e provoca uma sensação difícil de ser esquecida.

Eu discordo de quem prega que só uma vida cheia de viagens pode ser completa. Acho que você pode ser uma pessoa realizada e feliz sem nunca ter saído da sua cidade. No entanto, a sensação de se deparar com uma paisagem completamente diferente das quais se está acostumado só é possível ao fazer uma viagem. Então fica aqui a dica: compre uma passagem pra uma cidade qualquer, por mais próxima que seja, e presenteie sua retina com imagens diferentes das que você vê todos os dias.

Deixe um comentário

Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.