8 Dicas para mochileiras de primeira viagem

18 de janeiro de 2015 | Escrito por Filipe Teixeira | Autores convidados, Dicas

por Juliana Santiago, de Díli, Timor Leste.

Arrumar a mala, fazer roteiro, planejar gastos… sim, todo esse procedimento para quem quer fazer um mochilão de mais de 20 dias é substancialmente diferente de quem fará uma viagem de negócios, estudos, ou uma visita aos parentes e amigos em suas cidades. O mochilão tem por características-mor a praticidade, o desapego, o conhecer-se no mundo. Ir de um lugar para o outro, nem por pouco tempo que não possa intercambiar-se com o lugar, nem por tanto que dê para fincar raízes.

Sozinhas ou acompanhadas, é imprescindível que nós conheçamos um pouquinho do que podemos encontrar pelo caminho na intenção de evitar excessos, equívocos e falsas crenças mundo afora. Para isso, repasso 8 dicas advindas das vivências, observações e das conversas com outras mochileiras, visando um planejamento produtivo, especialmente para as mochileiras de primeira viagem.

1. Menos é mais

Essa é a máxima na hora de arrumar a mochila. Nós, mulheres, acabamos levando quase sempre um pouco a mais, dadas as opções de trajes para as diversas ocasiões, e não é porque a mala está menor que ela deve ser menos diversificada. Precisa apenas estar reduzida. Na necessaire: filtro solar, desodorante e mais 5 itens. Duas calças jeans, duas leggings, roupa de banho, cardigan, toalha, sandália (chinela). Meias e peças íntimas a seu critério. Camisetas básicas e vestidos leves. Máquina fotográfica, carteira, óculos escuros na bolsa de mão (mochila menor). Sem firulas para não correr o risco de esquecer nada por aí. Dê preferência a viajar de jeans e tênis para não delegar às costas o peso dessas peças. Minimalismo.

2. Atenção nas casas de câmbio

mochileiras de primeira viagem

Especialmente se você estiver sozinha. Escolha uma casa de câmbio confiável, autorizada, ou mesmo uma agência bancária. Esses lugares geralmente têm máquinas de contar dinheiro e apresentam uma cotação razoável na compra e venda de moedas. Evite hotéis, pessoas avulsas, lugares não autorizados, sem máquinas para contar, pois são os mais propensos a terem preços fora da realidade, podendo pagar menos do que o atual valor da moeda. E atenção máxima ao valor que está dando e ao que está recebendo. Conte e reconte esse valor.

3. No limite da vaidade

Esqueça aquele momento de ir maquiada, com belas roupas e uma malinha de dez quilos da Channel para o aeroporto, estação ou rodoviária. Mochileiros e mochileiras em geral encaram esses lugares como um lugar de passagem, de trânsito, nos quais passam várias vezes durante a viagem e o menor tempo possível em cada uma dessas passagens. Portanto, simplesmente não faz sentido produzir-se para ir ao lugar de deslocamento. Vá confortável e básica. Lembre-se de que, no aeroporto, por exemplo, você pode vir a ter que tirar relógio, brincos, cinto para passar pelo raio-X. Ganhe também esse tempo.

4. Compras, pra quê as quero?

mochileiras de primeira viagem

Turistas lotando as ruas de Macau para compras

Dependendo de onde você vá, comprar pode ser uma necessidade imediata e/ou um ganho de dinheiro. E esses são dois bons argumentos pra quem decide fazer compras durante o mochilão. Se você levou roupas de calor e acabou indo parar em um lugar frio durante a rota, é legítimo comprar um casaco, luvas, cachecol. E só. Também, se há um produto que não é vendido no seu país e que você goste, ou algum que esteja bem mais em conta e valha a pena comprar no exterior, como um eletrônico, você pode acabar economizando ao comprar fora. Para ver se compensa, calculadora na mão sempre! Outros motivos podem levar você a ter que encurtar a viagem por ter gastado com supérfluos. E na hora de pensar em extrapolar (mesmo seguindo os dois bons motivos) lembre-se de que o objetivo da viagem não é esse e, principalmente, de que é você quem vai carregar o excesso de peso nas costas durante todo o percurso!

5. Não pense que você tem muito dinheiro

Se você conseguiu organizar seu mochilão e chegou até onde queria, parabéns. Mas lembre-se sempre ao olhar para o seu porta-dólar cheio de dinheiro que toda aquela quantia está destinada para sua hospedagem, alimentação, passeios e passagens e só dependerá de você fazê-la durar pelo tempo pré-estipulado. Pequenas abnegações farão seu dinheiro render, como: comer em lugares acessíveis, hospedar-se em lugares simples, andar de ônibus, fazer trajetos a pé, dividir transporte, alugar bicicleta, barganhar preços de souvenirs, etc. Tudo depende apenas da sua disposição ao desapego, e pode ter certeza de que as compensações serão muitas e imediatas.

6. Priorize atividades que lhe interessam

Quando estamos com um grupo, com o namorado, ou apenas com uma amiga, dificilmente os interesses de atividades convergirão o tempo todo. Se você não quiser sair sozinha, o melhor a fazer é negociar o roteiro com seus companheiros de viagem, dividindo os interesses visando contemplar as partes envolvidas. Caso contrário, busque as atividades disponíveis na cidade e organize seu roteiro pautado nos seus interesses, afinal nem todos querem conhecer danceterias, museus, jardins, ou shoppings. Se os interesses convergem com alguém do seu grupo, e você queira, planeje-se com essa pessoa pelo menos nas atividades em comum (caso precise pegar táxi, por exemplo, ambas terão vantagem).

7. Desafie-se

mochileiras de primeira viagem

Churrasco de rã em Siem Reap, Camboja

Não precisa ser o tempo todo, muito menos ser algo forçado. Os desafios não precisam ser um bung jump do alto de um edifício, por exemplo. Calma. É o simples lançar-se em experiências nas quais você ainda não se viu: comer pratos exóticos, aprender a culinária local, fazer uma trilha, conversar com pessoas diferentes (conversar de verdade, não só falar), dançar a dança local, enfim, algo que no final das contas venha a ser muito enriquecedor para a sua autoestima.

8. A linguagem para o essencial é a mesma

Você quer um quarto e a dona do hotel quer alugar um. Você quer comer e o garçom quer servir você. Você quer passear e a agente de turismo quer vender pacotes. Em resumo, todas as pessoas que oferecem bens e serviços em qualquer parte do mundo sabem que, se você está ali, por menos que você consiga se comunicar verbalmente, é pelo seu interesse em consumir aquele bem ou serviço. De modo que não saber o idioma local não deve ser transformado no agente limitador do seu mochilão. Saber o básico de inglês facilita sua vida, é verdade. No entanto, se você não souber, lembre-se de que em muito lugares as pessoas falam essa língua como língua estrangeira e entendem se você não falar com perfeição. Já vi gente que viajou sozinha e só pelo esforço de fazer-se entender fez uma viagem muito proveitosa.

Juliana P. Santiago é viciada em café, jogos casuais e arrumar o quarto. Mestre em Linguística, trabalha com ensino de Língua Estrangeira desde 2008 e por esse motivo morou na Colômbia, no Brasil e agora em Timor-Leste, explorando esses lugares proporcionalmente ao tempo e ao dinheiro que teve em cada época. Recentemente empreendeu um mochilão pelo Sudeste Asiático de 35 dias, conhecendo 10 cidades entre os países Indonésia, Singapura, Vietnã, Camboja e China. Todas as fotos são de seu arquivo pessoal.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.