Jardins Buddha Eden, Portugal
Em 2001, o Talibã destruiu os Budas Gigantes de Bamiyan, estátuas construídas no século VI. Como protesto, o proprietário da Quinta dos Loridos, no município de Bombarral, a norte de Lisboa, iniciou a construção de um jardim com diversas estátuas de budas e outras esculturas, o que resultou nos Jardins Buddha Eden.
Meu erro
Antes de começar a contar como foi a visita, preciso falar sobre o erro que cometi, que pode servir como uma dica para quem pretende visitar o jardim. A Quinta dos Loridos é parte de um conjunto de quintas pertencentes à Bacalhôa Vinhos de Portugal. Eu sabia da existência do jardim com as estátuas há muito tempo, então pesquisei na internet como chegar lá e encontrei o site da Bacalhôa. Eu não li as informações devidamente e entendi que era necessário marcar uma visita por e-mail. Foi o que eu fiz, porém descobri depois que eu marquei a visita para o Palácio e Quinta da Bacalhôa, em Azeitão, e não para os jardins, para os quais nem é necessário marcar visita. Mas a visita estava marcada para as 10h30. Para chegar a tempo, tive que pegar o trem das 6h35 na estação Entrecampos. Para alguém que acorda todos os dias às 8h30, 9h, e nos fins de semana lá pelo meio-dia, acordar às 6h é de uma violência extrema. A vantagem é que moro ao lado da estação. Às 7h25, ainda no escuro, fiz a conexão em Meleças, em direção a Bombarral, onde cheguei às 9h da manhã. Fazia muito frio, uns 3°. Tomei café no quiosque ao lado da estação e caminhei um pouco pela cidade até dar a hora de ir à Quinta.
Na estrada
Considerei a possibilidade de tomar um táxi, mas eu tinha tempo pra ir a pé e não era tão longe, apenas meia hora de caminhada. Calculei a rota no GPS e, depois de ter me perdido algumas vezes, porque os conceitos de direita e esquerda não são tão absolutos assim, acertei o rumo. Fui acompanhado das vinhas que margeavam todo o trajeto, formando uma moldura muito bonita para a caminhada. Às 10h37, cheguei à Quinta. E lá, a moça que me vendeu a entrada me explicou o erro que eu havia cometido. Paguei os €2,5 do ingresso e entrei no jardim.
O caminho do meio
O jardim é muito bem cuidado, e a paz que o lugar emana é quase palpável. Fui em direção ao lago e, em determinado ponto do caminho, havia uma estátua de um rosto de Buda gigante. Eu simplesmente não consegui passar por ele. É aquela coisa da energia. Apesar de eu não ser lá a pessoa mais religiosa do mundo, daquele rosto fluía algo poderoso que me paralisou. Então dei meia-volta e fui até o coreto que fica no meio do lago.
Leonard Nimoy
Meditation brings wisdom. Lack of meditation brings ignorance. Know well what leads you forward and what holds you back. – Buda
De tanto jogar Civilization IV, decorei grande parte daquelas frases que o Leonard Nimoy e o Sid Meier narram a cada avanço conquistado. E foi inevitável ver tantas estátuas do Buda e não ouvir mentalmente em looping a frase narrada por Nimoy quando se descobre a meditação. Na escadaria principal dos jardins, entre os Budas dourados, fica o Buda deitado, que também me paralisou, porém por ele consegui passar.
Soldados de terracota
Depois da visita ao jardim, ainda passei pela loja e comprei um moscatel produzido pela Bacalhôa. Caminhei de volta para Bombarral pela mesma estrada, agora já sem a ajuda do GPS, e esperei o trem em direção a Lisboa.No jardim na margem do lago oposta à que fica o rosto gigante, estão enfileirados soldados chineses de terracota pintados de azul. Em outra parte dos jardins, há outros soldados, mas pintados de um vermelho cor de telha. Eles são uma réplica do exército de terracota encontrado na China na década de 1970. Interessante que esse segundo conjunto de soldados, em vermelho, estão abaixo do nível do chão, como se realmente tivessem sido encontrados após escavações.
Onde, como e quanto
- Trem Lisboa (Entrecampos)-Bombarral-Lisboa (Entrecampos): €15,85, aprox. 2h de viagem
- Bombarral-Quinta dos Loridos: aprox. 30 min de caminhada
- Ingresso para os jardins: €2,5
Mais fotos aqui.
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Escrito por Filipe Teixeira
Escritor amador e ansioso profissional.