Semana Santa – Parte 3 – Santa Marta e Parque Tayrona

19 de maio de 2012 | Escrito por Filipe Teixeira | Diário de viagem, Oreo - Eu na Colômbia

Dia 4, Ainda: La Brisa Loca, Muito Loca

Uma hora e meia depois, estávamos em Santa Marta. Tomamos um táxi até o hostal La Brisa Loca, que havíamos reservado e depois cancelado porque queríamos ir direto ao Parque Tayrona, mas não havia mais tempo e tivemos que dormir uma noite em Santa Marta. E que bom que tivemos que dormi lá. La Brisa Loca está para os hostales como Oreo está para os biscoitos. Ao chegarmos, a recepcionista, que se chama Lorena, pediu que disséssemos o nome de uma canção característica de nosso país. Chutamos “Asa Branca” e ela fez o nosso check-inenquanto ouvíamos a música. A reserva dava direito a uma cerveja para cada um de nós. O hostal estava quase lotado, só restavam oito camas, e nós éramos sete. Em cada uma das camas, uma mensagem: “Hey, good looking, I’m available.” Na piscina, sim, tinha piscina, havia algumas regras, como “Se for transar na piscina, use camisinha” ou “Mulheres: roupa opcional”. No andar de cima, havia um bar, descontraidamente decorado (uma calcinha preta pendurada em um sino, por exemplo) e com duas sacadas onde se podia tomar uma olhando a rua de paralelepípedos e sentindo o vento que vinha do mar. Porque a diferença básica e gritante entre Santa Marta e Cartagena era a existência de vento.

Dia 5: Tolos

santa marta

Então qual o sentido de deixar La Brisa Loca? Pois é, aparentemente só tolos deixariam esse lugar tão confortável para acampar em um parque no meio do mato. Sendo assim, somos tolos. Pela manhã, exploramos o mapa turístico de Santa Marta e nos admiramos com o mar azulzinho que fez finalmente com que eu me sentisse no Caribe. À tarde, no maior alvoroço, partimos para o Parque Tayrona. Compramos comida, aguardiente (pausa para cara de enjoo), que graças a forças superiores, nunca chegamos a beber e rumamos ao parque. Lá chegando, caminhamos dez quilômetros em direção ao acampamento. “Caminhamos 10 quilômetros em direção ao acampamento” tem sete palavras e demorou alguns segundos para que eu a digitasse, mas digitar “caminhamos 10 quilômetros em direção ao acampamento” não diz nada sobre o peso que carregamos, sobre o fato de ter anoitecido, sobre não termos lanternas, sobre pisarmos em merda de cavalo – sim, porque fomos pelo caminho dos cavalos em vez de ir pelo caminho de pedestres –, sobre ter suado o que eu não suei durante 2011 inteiro, sobre pagar 17 mil pesos (+- R$17) por um espaço pra armar a barraca sem termos sido avisados antes, sobre chegar ao acampamento e não ter água pra tomar banho… a vida é dura.

Dia 6: “Porto de Galinhas É Mais Bonito” (LUCENA, Vini, 2012)

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Mas a recompensa estava por vir no dia seguinte. A Colômbia me proporcionou as paisagens mais bonitas com que se depararam meus olhos até então. Uma delas foi o mar lindamente azul das praias do Parque Tayrona. Caminhamos por trilhas entre um ponto e outro da praia e, quanto mais caminhávamos, mais azul e lindo o mar ficava, embora o Vini não se cansasse se repetir que Porto de Galinhas é muito mais bonito. Não conheço Porto de Galinhas, mas conheço o Vini o suficiente pra saber que é um exagero sem noção. Nesse mesmo dia, o Vini, a Dilne e o Inácio voltaram pra Santa Marta. Ficamos eu, Lívia e Egon.

Dia 7: Me Abraça, Medellín

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Sempre que eu viajava e voltava pra Fortaleza, batia uma depressão, porque é muito fácil um lugar ser melhor que Fortaleza. Mas a sensação de voltar pra Medellín foi nova e boa. Isso não significa, de jeito nenhum, que não gostei da viagem, mas Medellín é tão linda e aconchegante que parecia que eu estava indo pra lá e não voltando. Saímos do Tayrona de manhã, após caminhar os 10 quilômetros de volta, com as sobras da comida, mas pelo menos agora pelo cominho dos pedestres (que incluía uns 10 minutos na areia fofa da praia: é Murphy no Caribe). Tomamos o ônibus até Santa Marta e lá fizemos a caridade da Semana Santa: demos a comida que tinha sobrado a uma velhinha moradora de rua, que encheu de paz meu coração com um sorriso de agradecimento. Voltamos ao La Brisa Loca para tomar banho, almoçamos e tomamos o ônibus para, quinze horas depois, desembarcarmos novamente na cidade da eterna primavera, que nos recebeu com maravilhosos 19° e pudemos finalmente usar de novo nossos casacos e jaquetas, que nos deixam muito mais bonitos.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.