Em cima do morro, amigo – A altitude de medellín

14 de janeiro de 2012 | Escrito por Filipe Teixeira | Diário de viagem, Oreo - Eu na Colômbia

A Karol passou as festas em Manizales, sua cidade natal. De lá ela trouxe tamal, e esse foi o meu primeiro almoço aqui em Medellín. Peguei um ônibus, que aqui eles chamam de busetas – sim, com “s” e com todas as piadas possíveis de se fazer, desde as mais simples, como “Não gosto das busetas daqui”, até as mais toscas, como “Será que essa buseta aguenta todos nós?” – e fui a sua casa.

O Trânsito

Atravessar uma rua aqui é sempre uma aventura. A faixa de pedestres parece uma lenda em que só alguns acreditam e respeitam. Alguns cruzamentos simplesmente não têm semáforos. Imagine o cruzamento da Rui Barbosa com a Pontes Vieira sem semáforo. Ou você que é de outra cidade que não Fortaleza, imagine qualquer cruzamento de duas grandes avenidas sem semáforo.

El Parque de los Alpes

altitude de medellín

Subi na buseta (é isso mesmo, gente, vamos nos acostumar) e pedi para que o motorista (que também era o cobrador) parasse no Parque de los Alpes. Alguns minutos depois estava lá. Foi o primeiro contato que eu tive com o verde dessa cidade. Os canteiros das avenidas têm grama, assim como as calçadas. As ruas são bastante arborizadas e são vários os parques, pequenos ou grandes. A cidade nos convida a andar por ela, e mesmo quando a temperatura está alta, 28°, 29°, o vento é frio. Mas nos primeiros dias, o jeito foi andar de manga comprida.

El Tamal

altitude de medellín

Parque de los Alpes não é apenas o nome do parque, mas também do bairro. Encontrei a Karol em frente a uma padaria e fomos a sua casa. Então provei o tamal. É como se fosse uma pamonha recheada com batata inglesa, ervilha, cenoura e carne. E pra acompanhar Mr. Tea, chá gelado com sabor de pêssego. No Brasil tem isso, não sei se dessa marca, mas tem. E eu nunca provei. Mas provei aqui e não quero saber mais de outra coisa (com todo respeito à Coca-Cola, claro).

As Mitocôndrias

altitude de medellín

No dia anterior, na despedida do Eun, o sul-coreano, voltamos do restaurante a pé. Não é o que se pode chamar de perto, mas várias pessoas andando e conversando (eu tentando fazer o Peixe Babel funcionar em espanhol, mas só funcionava em inglês), a caminhada se torna agradável, principalmente com o clima daqui, que não faz suar, ou pelo menos não faz você suar e querer se jogar no lixo de tão repugnante que fica. E foi nessa caminhada que senti os 1.494m de altitude de Medellín – “em cima do morro, amigo” – como diria Galvão Bueno. Minha condição física não é lá essas coisas. Eu costumo dizer que, se eu fosse um país, o sistema de governo seria o sedentarismo, mas, além disso, a altitude estava me afetando. Depois de caminhar algo como sete ou oito quarteirões, eu estava ofegante e com dor de cabeça. No dia seguinte, depois de passar a tarde com a Karol – e aí sim o Peixe Babel começou a funcionar em espanhol -, houve a despedida da Rem, a filipina. Fomos a El Poblado e lá tomei Pilsen pela primeira vez. É um bairro conhecido por seus bares e boates. E andamos muito procurando um lugar agradável e barato. Minhas mitocôndrias procuravam desesperadamente oxigênio, mas não havia mais. Quando finalmente paramos, precisava de algo pra curar a dor de cabeça: Club Colombia.

Os Táxis

Voltamos pra casa pouco mais de uma da manhã. Mas no meu corpo já passava de três. Por isso estava com muito sono. Pegamos um táxi, que aqui em Medellín constitui um fenômeno: são muitos – muitos mesmo -, e as corridas custam muito pouco. Uma corrida que custaria 20 reais em Fortaleza, aqui custa 8 mil pesos (menos de 8 reais). Se você anda em grupo, melhor ainda, porque às vezes uma corrida pra cada uma das pessoas custa o mesmo (ou menos) que custaria uma passagem de ônibus. E as surpresas não pararam por aí. Dois dias depois tive uma que me fez repensar como seria essa experiência.

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Escrito por Filipe Teixeira

Escritor amador e ansioso profissional.